Criar um Site Grátis Fantástico
Translate this Page

Rating: 2.8/5 (97 votos)




ONLINE
1










Total de visitas: 24247

Livro: A Formação de um Lider

Livro: A Formação de um Lider

 

 

 

 

 

 

ANTES DE LER

 

Estes e-books são disponibilizados gratuitamente, com a única finalidade de oferecer leitura edificante à aqueles que não tem condições econômicas para comprar.

Se você é financeiramente privilegiado, então utilize nosso acervo apenas para avaliação, e, se gostar, abençoe autores, editoras e livrarias, adquirindo os livros.

 

*   *   *   *

 

“Se você encontrar erros de ortografia durante a leitura deste e-book, você pode nos ajudar fazendo a revisão do mesmo e nos enviando.”

Precisamos de seu auxílio para esta obra. Boa leitura!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A

FORMAÇÃO

DE UM

LÍDER

 

 

 

A ESSÊNCIA DE UM LÍDER

SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS

 

 

 

 

 

 

Joyce Meyer

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Diretor

Lester Bello

 

Autora

Joyce Meyer

 

Título Original

A Leader in the Making

 

Tradução

Ana Paula Barroso Magalhães

 

Revisores

Tucha

Fausto Roberto Castelo Branco

 

Editoração eletrônica

Rute Gouvêa

 

Design capa (Adaptação)

Ronald Machado

 

Impressão e Acabamento

Gráfica e Editora Del Rey

 

1ª Edição Novembro 2005

2a Edição Maio 2006

Reimpressão Dezembro 2006

 

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

 

 

Meyer, Joyce, 1943.

A formação de um líder a essência de um líder segundo o coração de Deus / Joyce Meyer ; [tradução Ana Paula Barroso Magalhães]. — ed. rev. e atual.. — Belo Horizonte, MG : Ministério Joyce Meyer, 2006.

 

Título original: A leader in the making.

Bibliografia.

ISBN 85-98537-17-9

 

1. Liderança - Aspectos religiosos — Cristianismo I. Título.

06-3880                                         CDO-253

Índices para catálogo sistemático:

1. Liderança cristã: Ação pastoral: Cristianismo 253

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sumário

 

Introdução

 

Parte 1: A Preparação para a Liderança

1        Desenvolva Seu Potencial:

Nunca se Inicia um Processo pela Etapa Final, Parte 1

2        Desenvolva Seu Potencial:

Nunca Se Inicia um Processo pela Etapa Final, Parte 2

3        A Estabilidade Produz Capacidade, Parte 1

4        A Estabilidade Produz Capacidade, Parte 2

 

Parte 2: O Coração de um Líder

5        As Condições Negativas do Coração, Parte 1

6        As Condições Negativas do Coração, Parte 2

7        As Condições Negativas do Coração, Parte 3

8        As Condições Positivas do Coração, Parte 1

9        As Condições Positivas do Coração, Parte 2

10      As Condições Positivas do Coração, Parte 3

 

Parte 3: Testando o Coração do Líder

11      Testes de Liderança, Parte 1

12      Testes de Liderança, Parte 2

13      Testes de Liderança, Parte 3

 

Parte 4: Os Requisitos da Liderança

14      O Desenvolvimento do Caráter

15      A Importância de uma Vida Equilibrada

16      Pessoas Comuns com Alvos Incomuns

Conclusão

Oração para um Relacionamento Pessoal com o Senhor

Notas Finais

Bibliografia

Leitura Recomendada sobre Liderança

Sobre a Autora

 

 

 

 

 

 

 

Introdução

Alguns se tornam líderes porque possuem qualidades inatas de liderança. Outros, que não as possuem, vêm a ser exce­lentes líderes mediante treinamento específico. Contudo, mesmo os líderes natos precisam de aperfeiçoamento, pois ninguém nas­ce totalmente preparado para tal incumbência.

Deus me chamou para o ministério há muitos anos, mas não foi da noite para o dia que me encontrei realmente preparada para assumir uma posição de liderança. Também não foi apenas uma questão de semanas para chegar ao topo da liderança. Cheguei a pensar que já estivesse pronta, mas, na verdade, não estava. O problema era que o fruto do Espírito não era visível em minha vida1 nem evidente em meu caráter. Eu não demonstrava possuir estabilidade, fidelidade, paciência, alegria, amor, bondade, genti­leza nem mansidão. Quanto à humildade, era ainda pior: eu não tinha absolutamente nenhuma. Só pensava em mim mesma; só me importava com os meus próprios desejos, agindo como que­ria. Se naquela época eu estivesse numa posição de liderança, ao invés de ajudar as pessoas a trazer à tona o melhor de si, como um líder deve fazer, eu certamente teria transformado a vida dos meus liderados e a minha própria numa tragédia. Apesar de tudo isso, porém, Deus me vocacionou para ser líder. Às vezes eu ficava me perguntando por que Ele não chamava aqueles que já se encon­travam plenamente preparados para liderar. Hoje creio que Ele não o faz porque não conseguiria encontrar ninguém assim: tais pessoas não existem.

É impressionante constatarmos que há um grande número de pessoas talentosas que estão ociosas, sem fazer absolutamente nada. Talvez você, leitor, seja uma delas. Nesse caso, afirmo-lhe que o fato de Deus usá-lo ou não depende de muitos outros fato­res além dos dons e talentos que Ele lhe deu. O fato de Deus nos usar ou não está relacionado ao nosso caráter, à nossa maturida­de, que é o fruto do Espírito, bem como à nossa conduta e à atitude do nosso coração.

Neste estudo, quando menciono o coração da pessoa, refi­ro-me à maneira como ela se relaciona com Deus, com os outros e com as circunstâncias. Poderíamos até mesmo substituir a pala­vra coração pela palavra atitude. Creio que Deus nem sempre usa as pessoas mais talentosas, mas aquelas que têm a melhor atitude interior, isto é, que têm um coração reto para com Ele.

Muitos tentam ser líderes, mas nunca passaram por um pro­cesso de treinamento. Também não amadureceram nem desen­volveram o caráter e têm uma atitude errada no coração. Se con­tinuarem assim, creio que nunca serão os líderes que Deus quer que sejam. Para ser um líder forte, há certas experiências pessoais pelas quais precisamos passar, ao mesmo tempo em que devemos mantemos a atitude correta no coração.

Mas por que deveríamos querer passar por certas coisas para desenvolvermos o potencial que Deus nos deu? Bem, uma das razões é que só atingiremos a plenitude quando desenvolvermos esse potencial.

Alguns gostariam de desenvolver o seu potencial, porém não sabem nem por onde começar. Outros até o sabem, mas não sa­bem como avançar para alcançar a linha de chegada. Se você se enquadra em uma dessas categorias, este livro o ensinará a alcançar seus alvos e a cumprir os bons planos de Deus para você. Irá também aprender o que é necessário para desenvolver as qualida­des de um líder eficaz.

Antes de escrever este livro, li a obra The Making of a Leader (O Desenvolvimento de um Líder), de Frank Damazio. Ali encontrei informações muito úteis, principalmente no que se refere à condi­ção do coração, ao desenvolvimento do caráter, ao processo de preparação para exercer a liderança, a avaliações relativas ao exercí­cio da liderança e às qualidades que ele requer. Lendo isso, me senti inspirada a desenvolver um pouco mais alguns desses assuntos nes­te estudo. Aliás, creio que esse livro de Frank Damazio pode bene­ficiá-los grandemente. Por isso o recomendo muito, e o incluí na lista de leituras recomendadas no final do livro.

Embora os ensinos deste livro sejam dirigidos a líderes e a aspirantes à liderança, ele contém instruções práticas para o dia-a-dia que podem se aplicar a todos os que desejam experimentar tudo o que Deus tem para a sua vida. Além disso, mesmo para quem não tenha a intenção de assumir um cargo de liderança, Deus pode ter outros planos em mente. Afinal, nunca se sabe o que Deus tem planejado para o nosso futuro. Talvez Ele tenha mais coisas reservadas para nós do que possamos imaginar! Afi­nal, a maioria de nós quer liderar algo, mesmo que seja alguma coisa bem simples. O ser humano tem um desejo natural de estar no comando de algo.

O líder não é necessariamente alguém que possui um grande ministério ou que ocupa uma posição por meio da qual pode in­fluenciar milhares de vidas. O líder é tão-somente alguém que está no comando das coisas em seu âmbito de influência. Neste livro, quero compartilhar o que Deus me ensinou nesses anos, orientando-me desde o início, quando eu manifestava minha im­paciência no meu âmbito inicial de influência, que era o ministé­rio com poucas pessoas em nosso estudo bíblico em casa, duran­te um tempo, até atingir o meu âmbito atual e bem mais abrangente, exercendo um ministério diante de milhares de pessoas por meio das conferências da Vida na Palavra e de outros trabalhos de evangelismo. Eu e meu marido, Dave, estamos fazendo a obra para a qual fomos chamados. E, à medida que vamos aperfeiçoando os dons que Deus nos deu, vamos também desenvolvendo nosso po­tencial. Já consigo visualizar meus sonhos e minhas visões sendo realizados. E não creio que isso seja algo que Deus reservou somente para poucos privilegiados. Na verdade, creio que a vontade do Senhor é que todos venham a desenvolver ao máximo o seu potencial.

Deus quer usar sua vida de tal maneira que você jamais poderia ima­ginar. A medida que for lendo este li­vro, eu o encorajo a manter o coração e a mente completamente abertos para ouvir o que Ele quer lhe dizer.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PARTE 1

 

 

A PREPARAÇÃO PARA

A LIDERANÇA

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo 1

 

desenvolva seu potencial:

Nunca se Inicia um Processo pela

Etapa Final, Parte 1

 

Ele é um líder nato."

Ouvimos essa frase com freqüência.

Mas será que os líderes já nascem com essa capacidade ou são formados depois?

É verdade que alguns parecem nascer com abundância de dons e qualidades de liderança. Contudo, também é verdade que alguns dos melhores líderes do reino de Deus são aqueles a quem o mundo provavelmente nem cogitaria para ocupar cargos de li­derança. Essas pessoas, porém, precisam apenas de alguém que reconheça o potencial delas e as ajude a desenvolvê-lo. Com mui­ta freqüência elas acabam se tornando as pessoas mais valiosas e eficazes na liderança.

Se você é um líder nato ou se precisa passar por um proces­so de treinamento para se tornar líder, meu propósito ao escrever este livro é ajudá-lo a reconhecer seu potencial como líder e mos­trar-lhe como desenvolvê-lo.

Algumas pessoas que trabalham comigo e meu marido em nosso ministério estão na categoria de líderes natos. Possuem habilidades naturais para fazer o que precisa ser feito. Além disso, têm uma personalidade firme, são ousadas e parecem até saber instintivamente como motivar outros a trabalhar em conjunto.

Entretanto, também temos outros integrantes de nossa equipe que, de início, eu jamais imaginava que pudessem se tornar líde­res. Porém, quando surgia uma necessidade em determinada área, parecia que Deus estava indicando justamente essas pessoas para ocupar o cargo; assim, dávamos-lhes uma chance. E continuamos a trabalhar com esse grupo, até que, por fim, algumas delas vie­ram a se tornar os melhores líderes que temos hoje.

Uma delas é uma mulher chamada Charlotte. Quando ela veio trabalhar conosco, era tão insegura que nem conseguia falar comigo sem começar a chorar. Sempre que lhe pedíamos que dizesse algo a que não estava acostumada, ela ficava receosa e dizia: "Não sei se consigo fazer isso. Tenho medo de cometer erros".

E assim foi, até que um dia senti que o Senhor me dizia para chamá-la ao meu escritório e dizer-lhe: "Charlotte, Deus quer que eu diga a você para crescer. Você precisa parar de chorar e de ter medo de tudo". H foi o que fiz.

Passado algum tempo, ela me contou que havia voltado para casa em prantos porque achava que eu a havia magoado. Mas quando orou a respeito, Deus lhe respondeu: "Joyce tem razão. E hora de você crescer e começar a assumir mais responsabilidades".

Então, ela disse "sim" ao Senhor e a nós, e acabou se tor­nando uma das melhores líderes. Com o tempo, foi aprenden­do a assumir novas responsabilidades. Mas tudo isso só foi possível porque ela superou o medo e começou a desenvolver seu potencial.

Isso aconteceu também porque estávamos determinados a não desistir dela. Assim como Charlotte, há muitas pessoas que têm um potencial enorme, mas precisam de alguém que trabalhe com elas e não as deixe desistir.

Deus não desiste de você! Isso não o deixa feliz? Além disso, Ele, provavelmente, colocou alguém em sua vida e também não quer que você desista dessa pessoa.

Às vezes, justamente certas pessoas que consideramos pedras no sapato são aquelas com as quais Deus quer que sejamos pacien­tes e as ajudemos a se desenvolver} da mesma forma que Ele foi paciente conosco e nos ajudou a desenvolver o nosso potencial.

 

Nossa Busca Prioritária

 

O desenvolvimento do potencial pessoal precisa ser a busca prioritária de cada um de nós.

Todos nós temos um potencial que ainda não foi desenvol­vido, mas só o veremos se manifestar quando crermos em Deus, tendo a convicção de que podemos fazer tudo aquilo que Ele, em Sua Palavra, afirmou que poderíamos. Somente quando tivermos a ousadia de dar um passo de fé, crendo que com Deus ao nosso lado nada é impossível,1 é que Ele poderá fazer em nós a obra necessária para desenvolvermos nosso potencial.2

Eu acredito que ao ler este livro você terá inspiração divina. Mesmo quando ninguém mais no mundo acredita em nos, Deus acredita, len­do essa certeza, seremos capazes de realizar qualquer obra da qual Ele nos incumbir. Entretanto, sem essa convicção, aquilo que Ele quer que realizemos não faz diferença: nunca teremos condições de fazê-lo, pois não está havendo uma concordância da nossa parte para com Ele.

E quando não concordamos com Deus, na realidade, estamos concordando com o diabo. No fundo, estamos admitindo que o diabo tem razão quando fala conosco por meio de pensa­mentos negativos ou dos comentários de alguém que diz que não temos valor e que nada podemos fazer.

É muito importante saber com quem estamos concordando. Jesus disse que se duas pessoas concordarem entre si a respeito de qualquer coisa, isso será realizado por seu Pai celeste.3

Quando passei por um momento difícil em minha vida, o Senhor me lembrou desse versículo e me falou que se eu não encontrasse ninguém que concordasse comigo, poderia concor­dar com o Espírito Santo.4 Afinal, Ele está aqui na Terra comigo, pois mora dentro de mim. E a maneira pela qual concordamos com Ele é demonstrando nossa total convicção sobre a verdade que a Sua Palavra expressa em relação a determinada situação.

 

Dê uma Forma Definida ao Seu potencial

O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, de Antônio Houaiss, apresenta a seguinte definição de potencial: "existente apenas como possibilidade ou faculdade, não como realidade"5 Portanto, não te­mos como manifestar o potencial se ele não tiver uma forma defi­nida. Assim como se faz com o concreto, precisamos colocá-lo dentro de um "molde" que lhe dê forma e o torne útil. E qual é o molde no qual devemos colocar nosso potencial? As decisões. Para desenvolver o potencial adequadamente, devemos ter um plano e orar com relação a ele; devemos ter um propósito e agir.

Creio que muitas pessoas estão vivendo infelizes porque não têm feito absolutamente nada para desenvolver seu poten­cial. Na verdade, muitas dessas pessoas nunca o desenvolveram porque a única coisa que de fato fazem é reclamar por não esta­rem fazendo nada!

Por isso, se desejamos que o nosso potencial venha a ser de­senvolvido plenamente, não devemos ficar esperando até que tudo esteja perfeito para, só então, agir. Ao contrário: precisamos fazer alguma coisa agora! Comecemos fazendo o que estiver ao nosso alcancei Não podemos começar um processo pela etapa final. Devemos começar pela primeira etapa, e ninguém é exceção.

Muitos, contudo, querem começar o processo pela primeira etapa, queimar todas as etapas intermediárias e partir logo para a etapa final. Mas desse modo é impossível que dê certo.

Assim sendo, temos de dar uma forma definida ao nosso potencial, utilizando-o de modo prático. Afinal, nunca saberemos o que somos capazes de fazer se nunca tentarmos. Não devemos ter tanto medo de fracassarmos a ponto de nunca nos arriscar­mos. Também não podemos cair no comodismo, achando que se não fizermos nada, estamos livres de todos os riscos. Agindo as­sim, poderemos até ter uma falsa sensação de segurança; todavia, nunca obteremos sucesso no desenvolvimento pleno de nosso potencial nem nos sentiremos realizados com o que estamos fa­zendo. Portanto, vamos pôr mãos à obra, fazendo aquilo que Deus está nos orientando a fazer, e logo descobriremos o que somos capazes de fazer ou não.

Muitos vivem frustrados por não saberem quais são os seus dons ou qual é a vocação de Deus para a sua vida. Porém, para descobrirmos qual é a nossa vocação, basta apenas começarmos a realizar atividades relacionadas a uma área pela qual temos interesse. Deus não vai permitir que passemos a vida toda fazendo algo que odiamos. Eu, por exemplo, embora tenha filhos e netos a quem amo e cuja companhia aprecie muito, descobri que minha vocação não é trabalhar com crianças. Mas há pessoas que gostam muito de fazê-lo, e Sandra é uma delas.

Sempre há alguém ungido por Deus para fazer o que é preci­so em cada área. O líder inteligente conhece as próprias limi­tações, por isso se cerca de pessoas que fazem muito bem aquilo que ele não consegue.

 

Faça a Sua Semente Germinar e Frutificar

Creio que Deus planta sementes em nosso interior. Na Bí­blia, o próprio Jesus é chamado de "semente".6 Costumamos fa­lar muito dos direitos, privilégios e vitórias que Cristo conquistou para nós, juntamente com outras bênçãos, como paz, justiça e alegria. Creio que quando recebemos Jesus como nosso Salvador, todas essas coisas entram em nosso espírito como uma semente (se você, leitor, ainda não recebeu Jesus e gostaria de fazê-lo, há uma oração no final deste livro que pode ajudá-lo nisso.)

Uma das razões pelas quais muitos nunca vêem manifestar-se em sua vida aquilo que a Bíblia diz que podemos ser é porque nunca agem no sentido de que a semente germine. Assim, a se­mente nunca brotará nem florescerá nem dará fruto, pois vai fi­cando ali, esquecida e abandonada.

Em minha vida, tenho tido muitas experiências de vitória. A minha história pessoal foi marcada por abusos. Tive de suportar anos de violência sexual, verbal e psicológica; passei por relacio­namentos fracassados e sofri mágoas e dores emocionais antes de me casar com Dave. Quando comecei um relacionamento sério com o Senhor, eu estava arrasada. Certamente tudo o que li na Bíblia trouxe resultados práticos à minha vida. Mas nada teria acon­tecido se eu não tivesse permitido que a semente da Palavra se desenvolvesse em mim. Nada veio às minhas mãos já na forma de fruto maduro. Tive de ir trabalhando o meu potencial, aperfeiçoando-o, até transformá-lo em realidade. Ou seja, houve todo um processo de desenvolvimento dele.

 

A Necessidade do Desenvolvimento

Desenvolver, no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, signifi­ca, dentre outras coisas, "tirar o que envolve ou cobre; desembrulhar; Jazer crescer ou crescer; tornar(-se) maior, mais forte, mais volumoso; conduzir ou caminhar para um estágio mais avançado ou eficaz; fazer progredir ou progredir".7

O potencial que temos em nós é algo grandioso," mas não terá valor nenhum se não lhe dermos uma forma ou expressão definida para que nós mesmos e outros nos beneficiemos dele.

Em 1 Pedro 4.10, vemos que é preciso desenvolver e exer­cer nossos dons com o objetivo de abençoarmos uns aos outros. Aliás, é justamente para isso que Deus nos concede dons: para que possamos ser uma bênção para outros.

Muitas vezes alegamos que estamos nos sentindo solitários ou entediados, mas isso não é desculpa para o comodismo, pois sempre há alguém que precisa do que temos em nós. Basta irmos ao encontro dessas pessoas e começarmos a empregar os nossos dons em favor delas.

Um construtor pode ter muitos planos em seu escritório para uma nova empreitada, mas ninguém verá esses planos se tornarem realidade enquanto o construtor não os pegar e colocá-los em prática. O mesmo se aplica à igreja. Quantos de nós temos ótimas idéias e grandes planos, mas nunca os colocamos em prá­tica? Muitos de nós temos grandes sonhos, mas não conseguimos fazer um esforço prático e dedicado para desenvolver nosso po­tencial e transformar esses sonhos em realidade em nossa vida.

Quais são os elos que fazem a ligação entre o desenvolvimento do potencial e a sua concretização?  Na verdade, nada há de tão profundamente espiritual que ninguém possa compreen­der, mas sim algo bem simples; coisas rotineiras, como o tempo, a determinação e o trabalho árduo.

Ser determinado é uma atitude pessoal; ninguém pode sê-lo por nós. Precisamos, pessoalmente, ser determinados; do contrá­rio, o diabo roubará de nós tudo o que temos. Entretanto, embo­ra devamos ser determinados, não devemos chegar ao extremo de viver exclusivamente para o trabalho. Precisamos de equilíbrio nessa área, assim como em todas as outras da vida.

Mais à frente, descreverei o dia em que o Senhor disse ao meu marido, Dave, que era hora de começarmos o ministério na televisão, numa época em que estávamos começando a nos sentir acomodados com nosso programa de rádio.

Obviamente tínhamos o potencial para fazer isso, mas ele tinha de ser desenvolvido. E esse tipo de desenvolvimento não acontece se permanecermos sentados tranqüilamente numa ca­deira de balanço!

Costumo dizer: "Se você pretende andar com Deus, lembre-se de que não há aposentadoria!" Não importa nossa idade, ou situação; transformar o potencial em realidade exige de nós investimento de tempo, determinação e disposição de trabalhar arduamente.                                                                                   

 

Sem Investimento não pode haver retorno

Muitos só estão dispostos a investir em algo se o retorno daquele investimento for acontecer em curtíssimo prazo. A sua filosofia de vida é: "Se vou fazer um investimento agora, quero ter lucro agora. Quero retorno agora".

Pessoalmente, comecei meu ministério ensinando a Palavra de Deus a um grupo de vinte e cinco pessoas sentadas no chão de minha sala de estar. Investi cinco anos de minha vida instruindo-as. O retorno financeiro, quando havia, era pouco, e o reconheci­mento também era mínimo. Só o que não faltava era muito traba­lho árduo. Entretanto, o desenvolvimento que experimentei na­queles cinco anos foi fundamental para que o meu amai ministé­rio de ensino viesse a existir.

Há pouco tempo, David, meu filho mais velho, que está co­meçando a ensinar e a pregar, perguntou-me se eu tinha alguma anotação sobre determinado assunto. Na verdade, tenho três ar­mários de arquivo com três gavetas grandes repletas de mensa­gens sobre os mais variados assuntos. Aqueles arquivos represen­tam vinte e dois anos de trabalho árduo.

Com muita freqüência as pessoas olham para o meu ministério, por exemplo, e demonstram que gostariam de ter alguma realização pessoal semelhante. Entretanto, dificilmente estariam dispostas a investir tempo e trabalho árduo, que são fatores indispensáveis para que um ministério assim possa se concretizar.

Nesta vida, quando "damos sorte", não reclamamos, mas quando temos de "dar duro", aí tudo se complica.

 

Estamos Repletos de Potencial

E absurda a quantidade de potencial que se desperdiça ou não se desenvolve neste mundo. Fomos criados para realizar algo grandioso — grandioso em seu próprio âmbito.

Cada um de nós tem o potencial para tornar-se ótimo em alguma coisa: ótima esposa, ótima mãe, ótima costureira, ótimo marido, ótimo pai, ótimo executivo. Mas, seja qual for a nossa área de atuação, nossos sonhos, nossas idéias ou nos­sas visões devem ser grandes.

E verdade que as pequenas coisas são importantes, e nunca devemos desprezá-las.8 Devemos, todavia, ter grandes idéias, sonhos e visões, porque servimos a um Deus grande. Prefiro ter um grande sonho realizado pela metade a ter um sonho pequeno e vê-lo realizado por inteiro.

Creio que quando Deus nos criou Ele formou e modelou cada pessoa, soprou o sopro de vida em nós9 e pegou uma peque­na porção de Si mesmo e colocou-a dentro de cada um de nós.10 Alguns têm dons musicais; outros, o dom de pregar; outros, o de escrever.(() problema ocorre quando tentamos usar o dom que Deus nos deu para imitar outros em vez de desenvolver nosso próprio potencial.

Cada um de nós é repleto de potencial. Temos uma parte da essência de Deus em nós. Nosso nascimento não foi "um aciden­te". Não temos de passar a vida inteira sendo preteridos. Nunca somos nem velhos demais nem jovens demais para sonhar. Te­mos sonhos e visões dados por Deus. Mas os sonhos e visões que Deus nos dá para o futuro são possibilidades, e não "certezas absolutas" (foi o que Deus me falou muito tempo atrás). Com Ele, nada é impossível, mas é necessário que cooperemos e tenhamos disposição, demonstrando-a por meio da determinação, da obediência e do trabalho árduo para desenvolver o potencial que Ele nos deu.

 

Tudo Começa com uma Semente

A manifestação de nossos sonhos e visões dados por Deus não acontece da noite para o dia. Ela vai crescendo a partir de uma semente plantada por Deus em nosso coração. Devemos adubar essa semente e cuidar dela todos os dias, até que, gradual­mente, ela brote e venha a dar fruto em nossa vida.

É semelhante à semente que foi plantada no útero da mulher no momento da concepção. O bebê não aparece imediatamente; há um período de desenvolvimento que dura nove meses.

Normalmente vemos que há padrões na forma como Deus faz as coisas, e Deus usa o padrão da gestação como referencial em muitas áreas de nossa vida. Ele começa com uma semente, que Ele mesmo planta em nós, seja na forma de um pensamento, um sonho ou um desejo. Para que a semente cresça e se desenvol­va, devemos nutri-la e cuidar dela, observando-a e protegendo-a atentamente, pois o diabo é especialista em roubar sementes.. Então, se assim fizermos, um dia a semente germinará, florescerá e frutificará do modo como desejávamos.)

Foi isso a que Jesus se referiu quando disse que o diabo veio para "roubar, matar e destruir"." Jesus também disse que Satanás é mentiroso; é o pai da mentira.12 Assim, por meio do roubo e da mentira, ele impede a maior parte da raça humana de realizar muitas boas obras.

Eu mesma sou uma prova viva de que qualquer um pode atender ao cha­mado de Deus para a própria vida se assim o desejar. Pessoalmente, não possuo muitos dons e talentos. Mas tenho o dom da oratória, e o tenho usado para a glória de Deus. Como resultado, sinto a satisfação da realização porque dediquei o tempo e o esforço necessários para desenvolver a semente que Deus depositou em mim.                          

Temos o potencial, mas nem todos têm disposição de trabalhar com dedicação. Quando presenciamos um pianista de vinte anos num concerto tocando lindamente, deduzimos imediatamente que ele passou anos praticando enquanto seus amigos brincavam e se di­vertiam, como a maioria dos jovens faz. Talvez esse jovem pianista tenha perdido muitos momentos de diversão, mas, em compensa­ção, usou esse tempo para desenvolver seu potencial. Assim, de­senvolveu algo que lhe trará satisfação pelo resto da vida.

Muitos nunca experimentarão esse tipo de satisfação porque não querem pagar o preço. Preferem usufruir um divertimento instantâneo.

O que me preocupa é o fato de que muitos gastam seu tem­po satisfazendo seus desejos carnais e, em conseqüência, acabam tornando-se vazios por dentro.

Quando desenvolvermos plenamente o nosso potencial, en­tão desfrutaremos das realizações. É o único modo de desenvol­vê-lo é persistindo nele, recusando-nos a desistir e jamais aban­donando nosso objetivo.

 

Continue Perseverando

E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos.

Gálatas 6.9.

 

Em certa ocasião, eu me encontrava frustrada porque pare­cia que uma semente de um sonho que tinha dentro de mim nun­ca frutificaria. Naquela época eu tinha um pequeno grupo de es­tudo bíblico e nada mais. Foi um período de grande desânimo para mim, mas parecia que em qualquer situação em que eu esti­vesse, Deus me fazia lembrar a passagem de Gálatas 6.9.

Esse versículo vinha nos cartões que recebia, estava no meu calendário, eu o tirava na "Caixinha de Promessas" e o pastor pregava sobre ele. Ou seja, parecia que eu o ouvia onde quer que estivesse.

Nessa época, tive meu primeiro contato com o ministério de um profeta que veio à nossa igreja. Km sua apresentação, ele me apontou entre os presentes e disse: "O Senhor lhe diz: ‘E não se canse de fazer o bem, porque a seu tempo ceifará, se não desfalecer'".

Fiquei irada com Deus, pensando: Não agüento mais ouvir este versículo! }á estou cansada, e não quero ceifar algo depois; quero ceifar agora!

Quando o culto terminou e já havia me acalmado um pouco, fui para o estacionamento, cujo chão era de brita, e comecei a chutar as pedrinhas. Finalmente, parei e disse: "Pois bem, Senhor, o que estás querendo me dizer?"

E Ele disse (não em voz audível, mas no meu coração): "Joyce, prossiga; vá em frente e chegará lá".

Mas se o destino é desconhecido, ninguém pode nos prome­ter que chegaremos lá em uma semana ou em um ano ou depois de contornar determinada montanha. Os israelitas peregrinaram no deserto, em volta do monte Seir, durante quarenta anos, quan­do poderiam ter completado a viagem em apenas onze dias.13

Talvez tenhamos de passar por uma luta ou provação difícil, ou, talvez, por dez ou vinte. Talvez tenhamos de suportar uma pessoa desagradável ou, talvez, lidar com três pessoas difíceis. Porém, não temos de passar por isso contando apenas com nossa própria força e habilidade. Deus nos dará Sua graça para nos aju­dar a passar por essas situações. A graça de Deus consiste em habilidade e força para nos ajudar a fazer o que não conseguiría­mos sem Ele, e Ele a concede livremente a todos os que recebem seu Filho, Jesus, no coração.14

Se estivermos realmente decididos a desenvolver o potencial que Deus colocou em nosso coração, precisamos ter em mente que não iremos desistir, não importa o que aconteça, até que em nós se manifeste aquilo que Deus nos concedeu.

Você já se convenceu de que sua vida nunca irá mudar?

Lembre-se de que o diabo lhe dirá isso, pois o desejo dele é que você desista de crescer e acredite que as circunstâncias nega­tivas da sua vida jamais mudarão. Mas não se deixe enredar pela falta de confiança que as mentiras dele produzem. Há somente um tipo de pessoa a quem ele jamais poderá derrotar: aquela que não desiste nunca!

 

Corra para Vencer

Não sabeis vós que os que correm no estádio,

todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio?

Correi de tal maneira que o alcanceis.

Todo atleta em tudo se domina; aqueles,

para alcançar uma coroa corruptível;

nós, porém, a incorruptível.

1 Coríntios 9.24-25.

 

Com que atitude estamos participando da corrida? Precisa­mos correr com o objetivo de vencer! O diabo, porém, não quer que vençamos, pois sabe que se vencermos, poderemos transfor­mar o mundo. Nossa vida será transformada e, conseqüentemen­te, muitas outras vidas também o serão. Se desenvolvermos ple­namente o nosso potencial, o efeito positivo disso se fará sentir não somente em nossa vida, como também na de outros, os quais, por sua vez, também irão desenvolver seu potencial e influenciar outras vidas, e assim por diante, num processo interminável.

Nesse texto, o apóstolo Paulo menciona dois aspectos de uma corrida que nos incomodam. O primeiro é que os que cor­rem para vencer "em tudo se dominam". Ou seja, não podem se dar ao luxo de fazer tudo o que querem. Em segundo lugar, Paulo diz que eles "se submetem a um treinamento rigoroso" (NVI), isto é, levam uma vida equilibrada. Sem exceção, todas as áreas da vida deles estão sob controle.

Para alguns de nós, o ato de levar uma vida equilibrada pode ter alguns significados bem simples: ter horário adequado para se deitar e para se levantar, para não ficar exausto no dia seguinte; fazer faxina na casa mesmo que esteja sem vontade, etc. Esses exemplos retratam coisas práticas do cotidiano, porém revelam quão pouco controle temos sobre a nossa própria vida.

Hoje, no Corpo de Cristo, há muitas pessoas que tentam expulsar demônios, mas nunca sequer conseguiram "enfrentar" uma pia cheia de louça suja!

Segundo a Bíblia, o líder tem de estar com a própria casa (ou vida) em 1 ordem antes de tentar ajudar a colo­car ordem na casa (ou na vida) de outros.15

Há muitas formas de alguém se preparar para tornar-se líder. Colocar a própria vida em ordem é uma de­las. K algo que exige mudanças na conduta pessoal. Porém, com a ajuda de Deus, trabalho árduo e determi­nação, conseguiremos abandonar ve­lhos hábitos que nos prejudicam e nos impedem de desenvolver novos há­bitos — hábitos saudáveis que irão nos ajudar a progredir no desenvolvimento do nosso potencial e a alcançar nossos alvos.

O potencial é um tesouro de valor inestimável, assim como o ouro. Como veremos adiante, temos ouro escondido em nosso interior, mas teremos de cavar para retirá-lo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo 2

 

Desenvolva seu potencial:

Nunca se Inicia um Processo pela

Etapa Final, Parte 2

 

Cada um de nós tem uma mina de ouro escondida dentro de si. Certo jovem descobriu um veio de ouro numa montanha. Ele tentou garimpar, mas fracassava repetidas vezes. Chegou a pensar em desistir, mas, em vez disso, foi à cidade e pediu a uma compa­nhia mineradora que analisasse o caso. Depois de analisar a monta­nha e o veio de ouro, a mineradora quis comprá-lo. Ofereceram ao jovem uma grande soma em dinheiro vivo se ele o vendesse.

O jovem pensou a respeito e decidiu que em vez de vender o veio para a mineradora, ficaria com ele e aprenderia tudo o que pu­desse sobre mineração. Durante o ano seguinte, ele estudou dia e noite leu todos os livros que encontrou sobre mineração, fez cursos sobre o assunto e conversou com todos que pudessem lhe dar infor­mações a respeito. Durante todo aquele ano, não fez nada mais além de aprender sobre mineração. Deixou de lado tudo o mais em sua vida para se dedicar integralmente ao estudo da mineração de ouro.

No fim do ano, voltou para a montanha e começou a escavá-la. Era um trabalho extremamente pesado, mas no final ele obte­ve milhões e milhões de dólares.

Eis a lição: muitas pessoas (talvez a maioria) teriam olhado a mina e a montanha e, pensando no trabalho árduo que teriam para retirar o ouro, teriam aceitado de imediato o dinheiro fácil e rápido. Não iriam querer passar por tanto incômodo e enfrentar todos os aborrecimentos; não iriam querer abrir mão de um ano inteiro de sua vida para estudar o assunto quando poderiam estar fazendo algo mais agradável. Em vez disso, teriam aceitado o "lu­cro fácil", imediato.

Quantas pessoas nunca alcançam aquilo que poderiam por causa dessa mentalidade? Esse jovem poderia ter feito o mesmo também, mas, caso o fizesse, nunca teria aproveitado  integralmente os benefícios daquele veio de ouro.

Isso significa algo para você? Isso o faz se sentir motivado? Isso o compele a se livrar de tudo que o impede de concentrar o seu foco no desenvolvimento de seu potencial? Assim como aquele jovem, talvez você tenha de fazer esforço; porém, se continuar concentrado no que deseja, no final irá achar o ouro dentro de você, que é o tesouro que lhe possibilitará desfrutar os benefícios de viver uma vida totalmente realizada.

 

Mantenha o Seu Foco Concentrado no Ponto Certo

Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão

grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo que nos

atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com

perseverança a corrida que nos está proposta.

Hebreus 12.1 (NVI)

 

Como vemos nesse versículo, se estivermos realmente dis­postos a correr nossa corrida, devemos deixar de lado todo o peso e correr com paciência.

Já ouvi essa idéia resumida da seguinte forma: correr sem impedimentos significa despir-se para a competição.

Na época em que esse versículo foi escrito, o autor fez um paralelo que era muito mais bem compreendido naquela época do que hoje. No passado, os corredores faziam todo um condiciona­mento físico para a corrida, assim como fazemos hoje. Mas no momento da corrida, eles tiravam toda a roupa para que, quando estivessem correndo, não tivessem absolutamente nada que os atrapalhasse. Além disso, também untavam o corpo com um óleo fino. 1

Do mesmo modo, precisamos estar ungidos com o Espírito Santo2 se quisermos vencer a corrida. Temos também de remover qualquer obstáculo que nos atrapalhe na corrida, do início ao fim.

Numa corrida, podemos deparar com impedimentos de todo tipo. O excesso de compromissos pode nos impedir de desenvol­ver nosso potencial. Deixar que os outros nos controlem também é uma forma de impedir o desenvolvimento do nosso potencial. , Se não soubermos a hora certa de dizer "não", isso também será um obstáculo para desenvolvermos nosso potencial. Se nos en­volvermos além do razoável nos alvos e visão de outros ou nos deixarmos levar pelos seus problemas em vez de manter os olhos em nossos próprios alvos, também não conseguiremos realizar nosso potencial.

Percebi que o diabo é capaz de inventar mil maneiras, o tempo todo, de me emaranhar em algo que irá me distrair e me impedir de fazer o que devo fazer. Nesses momentos, essas "distra­ções" parecerão emergências, e terei a impressão de que preciso resolver todas pessoalmente porque sou a única capaz de fazê-lo.

Por isso, se temos a intenção de fazer aquilo para o que Deus nos chamou, devemos manter nosso foco concentrado no ponto certo, pois o mundo em que vivemos está cheio de distra­ções e obstáculos.

Quando vamos, por exemplo, ler a Bíblia, uma visita inespe­rada aparece. Quando começamos a orar, o telefone toca. E por aí vai: distração após distração. Porém, chega o momento em que teremos de aprender a dizer "não". Temos de ser determinados e decidir que nada vai nos impedir de cumprir o plano e propósito de Deus para nós.

Em certas ocasiões precisaremos sentir um pouco de ira santa e dizer ao mundo: "Não! Você não vai fazer mais isso comigo. Não vou viver neste redemoinho maluco sem conseguir sair. Sei o que preciso fazer, e irei fazê-lo. K se você não estiver gostando desta minha reação, vá se entender com Deus. Foi Fie mesmo que me deu essa visão, e não vou me frustrar a vida toda só para satisfazer você".

 

Seja como a Formiga

Assim corro também eu, não sem meta (sem um alvo definido);

assim luto [como um boxeador], não como desferindo golpes

no ar. Mas esmurro o meu corpo [lido com ele de modo rígido,

disciplino-o por meio das dificuldades] e o reduzo à escravidão,

para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo

a ser desqualificado.

1 Coríntios 9.26-27

 

Paulo está dizendo aqui que, se quisermos vencer a corrida, devemos subjugar o corpo. A palavra corpo, aqui, se refere a todas, as paixões carnais.

No versículo 27, Paulo está falando de autocontrole, abne­gação, moderação tio apetite e mortificação da carne. Ms tá dizendo que esmurra o próprio corpo. Ou seja, ele não cede aos "bufetes" (bufês), mas dá "bofetes" em si mesmo.

A autodisciplina é a qualidade mais importante da nossa vida. li, o que é autodisciplina? li nos mantermos na direção correta sem que outros nos obriguem a fazê-lo. Implica, por exemplo, levantar cedo porque sabemos que devemos. Afinal, como alguém pode ser um líder se nem consegue se levantar da cama pela ma­nhã? Ou como poderemos liderar outros se não conseguimos manter limpa nossa própria casa?

Preocupo-me ao ver, atualmente, tanta gente que almeja ocu­par posições importantes mas não quer aceitar as responsabilida­des e os deveres inerentes a essas posições.

Muitas pessoas passam a vida inteira frustradas porque nunca desenvolveram seu potencial. De fato, sem o desenvolvimento do potencial, os seus sonhos e visões jamais se tornarão realidade.

É quase inacreditável o número de pessoas frustradas na igreja. Contudo, nos, cristãos, devemos ser os seres humanos mais realizados da face da Terra. Devemos ser a luz do mundo; cartas vivas que todos podem ler3. Os descrentes deveriam olhar para nós e dizer: "H, assim que se deve viver a vida!".

Devemos viver de um modo que os outros sintam um anseio ao olhar para nós: o anseio de ter uma vida semelhante à nossa. O problema é que, de alguma forma, nos transmitiram a idéia errônea de que tudo nesta vida pode ser obtido com facilidade. Acostumamo-nos tanto com máquinas de lavar, secadoras e lavadoras de pra­tos que pensamos que basta apenas apertar um botão e, automati­camente, obteremos aquilo de que precisamos. Mas até isso já estamos considerando trabalho pesado! Reclamamos de ter de fazer o "esforço" de pressionar um botão, ou ter de tirar a roupa da máquina de lavar antes de terminar de centrifugar para não amassá-la muito e facilitar o trabalho na hora de passá-la!

Em Provérbios 6.7-8, lemos a respeito da formiga que, não tendo chefe, nem oficial, nem comandante, no estio prepara o seu pão, na sega ajunta o seu mantimento. Precisamos ser como a formiga: auto-disciplinados e motivados, fazendo o que é certo porque é certo, e não porque alguém pode estar nos observando ou nos obrigando.

 

Controle as Emoções

Melhor é o longânimo do que o herói da guerra, e o que domina o seu [próprio] espírito, do que o que toma uma cidade.

Provérbios 16.32

 

Como vemos nessa passagem, quem se porta com auto-controle tem uma grande vantagem sobre os demais. Mas ninguém jamais poderá se tornar um líder se não conseguir controlar as próprias emoções, principalmente a ira.

A Bíblia fala muito sobre esse assunto. Por exemplo, no An­tigo Testamento lemos: "O que presto se ira faz loucuras, e o homem de maus desígnios é odiado" (Provérbios 14.17). "A dis­crição do homem o torna longânimo, e sua glória é perdoar as injúrias" (Provérbios 19.11). "Não te apresses em irar-te, porque a ira se abriga no íntimo dos insensatos" (Eclesiastes 7.9).

No Novo Testamento, lemos em Tiago 1.19-20: "Sabeis es­tas cousas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir [um ouvinte disposto], tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus [justiça que Deus deseja e exige]".

Em parte, ser justo, isto é, fazer aquilo que Deus espera que façamos, significa desenvolver nosso potencial. Entretanto, nun­ca seremos capazes de atingir esse objetivo se não controlarmos a nossa ira.

Moisés, por exemplo, devia tirar os israelitas do Egito e en­trar com eles na Terra Prometida, mas Deus lhe negou o privilé­gio de entrar nela porque ele havia tido uma reação descontrola­da, desobedecendo a Deus.4

Queremos ter grandes ministérios, mas nem sempre quere­mos agir sob as diretrizes do autocontrole. Ao contrário, preferi­mos deixar que nossa natureza carnal dite nossa vida. Porém, se desejamos nos tornar líderes algum dia, devemos ter domínio so­bre nossas emoções. Isso não significa que devemos ser perfeitos ou que nunca cometeremos erros. Embora o Espírito Santo nos dê o poder de controlar as emoções, podemos perder a cabeça vez por outra. Mas, no momento em que isso acontecer, devemos imedia­tamente nos arrepender e confessar esse pecado dizendo a Deus: "Eu pequei, Senhor. Perdoa-me." E, depois, sigamos adiante.

Uma vida disciplinada e controlada, além de tempo, deter­minação e trabalho árduo, exige também abnegação. Para isso é necessário abandonarmos hábitos antigos. Mas o esforço vale a pena, pois grande é a recompensa.

 

Revista-se da nova Natureza

Quanto ao trato passado, vos despojeis [descarteis teu

velho 'eu' do velho homem, que se corrompe segundo

as concupiscências do engano.

Efésios 4.22

 

Mesmo quando achamos que somos capazes de dominar nossas emoções negativas, de repente algo acontece e elas explo­dem. Ninguém pode nos garantir que elas nunca mais se manifes­tarão. Podemos achar que finalmente encontramos a solução para esse problema e, portanto, nunca mais perderemos o controle. Mas essa ilusão dura apenas até o momento em que algo nos leva a ter outra vez a mesma explosão de ira, o que geralmente aconte­ce quando menos esperamos.

Quando recebemos Jesus como nosso Salvador, recebemos também a natureza de Deus. A Bíblia descreve isso ao dizer que o "velho homem" morreu com Cristo, em Sua morte na cruz. Para Deus, aqueles que receberam Jesus como Salvador foram mortos com Jesus em virtude de sua fé nEle. Esses recebem uma nova natureza e são instruídos a decidir agir de acordo com ela.5

A "velha natureza" representa nosso modo anterior de agir; a "nova natureza" representa a nossa conduta atual, agora forta­lecida com a ajuda do Espírito Santo. Ainda continuamos tendo o poder de escolha, pois a "velha natureza" não desaparece total­mente. Porém, temos à disposição uma escolha nova e muito melhor.

Imaginemos que eu tenha dois casacos em meu guarda-rou­pa: um é velho, fora de moda e surrado, e o outro é novo, está na moda e é maravilhoso. A decisão é minha: posso usar o velho e surrado, mas, se tenho a opção de usar o novo e maravilhoso, por que optaria pelo antigo?

Antes de aceitar Jesus como Salvador, não tínhamos opção, por assim dizer. Tínhamos somente uma natureza: egoísta e car­nal. Mas, depois que o aceitamos, passamos a ter outra opção á disposição. O "velho homem" não morre, no entanto estamos mortos para ele. Nossos desejos passam por uma transformação; queremos agradar a Deus por meio de uma conduta que O honre. Para uma melhor compreensão desse assunto (velha natureza X nova natureza), recomendo a leitura do capítulo 6 de Romanos.

Outra coisa necessária para alcançarmos o desenvolvimento pleno do nosso potencial é a paciência.

 

Seja Paciente

Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes

por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé,

uma vez confirmada, produz perseverança.

Ora, a perseverança deve ter ação completa,

para que sejais [indivíduos] perfeitos e íntegros,

em nada deficientes.

Tiago 1.2-4.

 

Por que ficamos com raiva? Geralmente é porque os outros não fazem o que queremos com a rapidez que desejamos. Mas se tivéssemos paciência, não ficaríamos chateados. Se não aprender­mos a ter paciência, nunca alcançaremos a realização plena de nosso potencial.

Se temos falta de paciência, devemos permitir a Deus que a desenvolva em nós. Neste livro, um dos assuntos que abordamos é como os líderes se desenvolvem em meio às provações e amadure­cem, e durante esse processo Deus vai moldando o caráter deles.

Tiago nos fala na Bíblia que devemos ter grande alegria quan­do passarmos por todo tipo de tentação e provação, sabendo que nossa fé, sendo testada, produzirá em nós a paciência.6

Descobri que antes de a tribulação produzir paciência, traz muitas outras coisas indesejadas. Mas essas coisas precisam ser tiradas de nós; caso contrário, iremos sair por aí usando máscaras, pois dentro de nós haverá todo tipo de lixo que nunca encaramos e do qual nunca nos livramos. O motivo pelo qual não lidamos devidamente com o lixo e não o retiramos é o fato de que, em vez de enfrentarmos e superarmos algumas dificuldades, preferimos achar um modo de rugir delas.

Em Isaías 43.2, o Senhor nos diz que estará conosco quando passarmos pelas águas e pelo fogo. Isso significa que haverá tribulações e provações das quais não poderemos fugir e dificuldades pelas quais teremos de passar.

A Bíblia fala de purificação, santificação, sacrifício e sofrimen­to. Essas palavras não são muito bem aceitas por nós, mas não importa: o fato é que elas estão na Bíblia, e se quisermos realizar nosso potencial, devemos estar pre­parados para passar por tais coisas.

Houve épocas em que tive de enfrentar a solidão e o traba­lho árduo; momentos em que minha vontade era desistir e abando­nar tudo. E Deus continuou colocando pessoas em meu caminho com as quais eu não queria lidar, mas Ele as colocou ali porque sabia que eu precisava delas. Elas eram o "esmeril" que servia para me lapidar.

Você sente que Deus colocou alguém ou algo em sua vida que é como um esmeril para você? Km caso afirmativo, algum dia você irá aprender que a situação ou pessoa que você considerava seu pior inimigo acabou sendo seu melhor amigo, simplesmente porque foi justamente aquela pessoa ou situação que Deus usou para mudar você.

Deus tem de nos transformar para poder nos usar. E preciso que nos tornemos semelhantes a Cristo no caráter, seguindo o seu exemplo e aprendendo a agir como Ele.

Eu mesma resisti ao processo de mudança durante muito tempo, mas por fim percebi que se continuasse assim Deus não iria agir em minha vida. () que Deus esperava de mim não eram justificativas para não mudar. Ide simplesmente queria me ouvir dizer: "Sim, Senhor, seja feita a Tua vontade".

Logo aprendi que não adiantava fugir de uma pessoa ou si­tuação difícil, pois na esquina seguinte encontraria outras duas. Espero que o leitor aprenda essa lição mais depressa do que eu. Se o fizer, será poupado de muito sofrimento. Quando lutamos contra Deus, sempre perdemos.

Podemos muito bem lidar tranqüilamente com as pessoas e as circunstâncias que Deus coloca em nossa vida. Queremos amar as pessoas difíceis, mas ninguém quer conviver com elas. Mas essa convivência também faz parte da nossa preparação para a liderança e tem um propósito.

 

Faça o Melhor Que Puder da Vida

Não abandoneis, portanto, a vossa confiança;

ela tem grande galardão.

Com efeito, tendes necessidade de perseverança,

para que, havendo feito a vontade de Deus,

alcanceis [plenamente] a promessa.

Hebreus 10.35-36.

 

Com quem temos de ter paciência? Primeiramente, com nós mesmos, pois às vezes somos lentos em aprender. Também pre­cisamos ser pacientes em relação a Deus, pois o ritmo de ação dEle muitas vezes é diferente do nosso. Além disso, temos de ser pacientes com os outros, pois não é culpa deles se estamos em pontos diferentes na trajetória da vida.

As vezes, quando o nosso sonho não se realiza, ficamos com raiva de tudo e de todos; porém temos de ser pacientes com a vida e aprender a aceitar cada dia como ele é, aproveitando ao máximo o que ele oferece.

Esta é uma das características do líder: a capacidade de acei­tar a vida como ela é e tirar o máximo proveito dela.

Temos de fazer isso porque haverá dias difíceis, nos quais colheremos apenas limões. Mas, se formos sábios, pegaremos os limões e faremos uma gostosa limonada.

 

Equilíbrio entre Trabalho e Lazer

Mas ele lhes disse:

Meu Pai trabalha até agora,

[ele nunca pára de trabalhar; continua trabalhando]

e eu trabalho [fazendo a obra divina] também.

João 5.7

 

Jesus disse aqui que tanto Ele quanto o seu Pai operavam e continuam operando. Mais à frente, em João 9.4, Ele diz a seus discípulos: "K necessário que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; noite vem, quando ninguém pode trabalhar".

Se nós, cristãos, realmente cremos que Jesus está voltando, então por que queremos passar três quartos do nosso tempo nos divertindo? "Mas, Joyce", alguém poderia dizer, "você é contra o lazer?"

Não; é claro que sou a favor dele. Acredito que devemos dar boas risadas, nos divertir, descansar e levar uma vida equilibrada. Na realidade, prego sobre tudo isso com muita freqüência, prin­cipalmente para pastores que têm dificuldade de levar uma vida equilibrada. Assim, não estou dizendo que temos de ser viciados em trabalho, mas sim que às vezes perdemos o equilíbrio indo para um ou outro extremo.

Como, então, podemos achar o ponto de equilíbrio entre os dois extremos? Bem, para tudo na vida precisamos de sabedoria.

 

Oportunidades Iguais

Então, o reino dos céus será semelhante a

dez virgens que, tomando as suas lâmpadas,

saíram a encontrar-se com o noivo.

Cinco dentre elas eram néscias

(descuidadas, sem preparo), e cinco,

prudentes (racionais,

inteligentes e prudentes).

As néscias, ao tomarem as suas

lâmpadas, não levaram azeite [extra]

consigo; no entanto,

as prudentes, além das lâmpadas,

levaram azeite nas vasilhas.

E, tardando o noivo, foram todas

tomadas de sono e adormeceram.

Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito:

Eis o noivo! Saí ao seu encontro!

Então, se levantaram todas aquelas

virgens e prepararam as suas lâmpadas.

E as néscias disseram às prudentes: Dai-nos

do vosso azeite, porque as nossas

lâmpadas estão se apagando.

Mateus 25.1-8

 

As dez virgens tiveram exatamente a mesma oportunidade. Mas apenas cinco levaram mais azeite consigo, enquanto as ou­tras cinco não o fizeram.

Os preguiçosos nunca fazem nada extra. Podem até cumprir as obrigações, fazendo aquilo que "dá para o gasto", mas nunca vão além das exigências mínimas da vida.

Quando o noivo demorou mais do que o esperado, rodas as virgens dormiram. Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito de alerta: o noivo estava vindo. Todas, então, começaram a preparar suas lâmpadas para encontrado. Mas as cinco virgens tolas, imprevi­dentes, não tinham óleo suficiente, então pediram as cinco vir­gens prudentes: "Dai-nos do vosso azeite".

Isso sempre acontece. Os tolos estão sempre querendo aquilo pelo qual os sábios trabalham tanto para conseguir. E, geralmen­te, quando não conseguem,-são tomados por um sentimento de auto-piedade.

Durante anos fui dominada pela auto-piedade por muitos mo­tivos: tinha sofrido abusos quando criança; não tive tudo o que quis; não consegui ir para a faculdade, e assim por diante, finalmente, Deus cuidou deste aspecto da minha vida dizendo-me: "Joyce, você pode ou continuar com a sua auto-piedade ou receber o meu poder, mas não pode ter ambos ao mesmo tempo".

Cinco das virgens em Mateus capítulo 25 ficaram se lamen­tando, cheias de auto-piedade, e foram deixadas para trás porque não mantiveram as lâmpadas chei­as de azeite. As dez virgens tiveram a mesma oportunidade, mas, quando o noivo chegou, as cinco que não tinham mais azeite perderam a oportunidade de ir com ele porque estavam tentando arrumar mais azeite para as lâmpadas.

Deus dá oportunidades iguais a todos. Não Lhe importa que tipo de vida tivemos, quem foram nossos pais ou família, qual é nossa cor ou sexo, qual o nosso grau de escolaridade, quais habilidades possuímos. Para Ide, nenhuma dessas coisas faz diferença alguma. Qualquer pessoa que desejar seguir os Seus preceitos e obedecer-Lhe pode ser abençoada e usada por Ele.

Deus colocou o mesmo nível de potencial em todos, sem exceção. Se permitirmos que Deus nos ajude a desenvolver esse potencial, podemos nos sair tão bem no que fizermos quanto qualquer outra pessoa naquilo que faz.

Todos nós podemos sonhar. Deus dá oportunidades iguais a cada um de nós. Podemos ter esperança. Lembremo-nos de que servimos a um Deus que nos diz que, estando com Ele, tudo é possível. Todo dia podemos acordar transbordantes de esperança de que naquele dia tudo será melhor. Podemos afirmar: "Vou mu­dar; minha vida vai melhorar e minhas finanças vão se organizar”.

Seja paciente consigo mesmo. Continue perseverando e cren­do que você está mudando dia após dia. Nunca se contente em ser menos do que pode ser.

 

Seja Tudo o que Pode Ser

Pois será como um homem que,

ausentando-se do país, chamou os seus

servos e lhes confiou os seus bens.

A um deu cinco talentos [provavelmente,

cerca de 5. 000 dólares], a outro, dois e a

outro, um, a cada um segundo a sua

própria capacidade; e, então, partiu.

Mateus 25.14-15

 

Nos versículos 14 a 19 do mesmo capítulo da história das dez virgens, Jesus contou a história de um homem que iria fazer uma longa viagem. Antes de partir, chamou seus servos e lhes entregou, conforme a capacidade de cada um, quantias diferentes em dinheiro para que administrassem.

Nem todos têm as mesmas habilidades e talentos. Não po­demos todos fazer as mesmas coisas, mas podemos ser quem Deus deseja que sejamos individualmente. Não posso ser quem você é, e você não pode ser quem eu sou, mas cada um de nós pode ser como Deus quer que sejamos.

Quando Deus deu a Moisés líderes para ajudá-lo na tarefa de governar os israelitas, alguns foram incumbidos de liderar grupos de mil homens; outros, de cem; outros, de cinqüenta e outros, de dez.

Nem todo mundo é ungido ou cheio da força interior do Espírito Santo para liderar milhares. Mas, independentemente do "nível" da unção de cada um, se agirmos conforme a unção que recebemos, encontraremos realização pessoal. E enquanto cada um de nós sentir essa realização e satisfação pessoal, sabendo em seu coração que está fazendo aquilo para que Deus o ungiu e quer que faça, não irá se comparar com outros nem competir com ninguém.

 

Seja qual for o nosso chamado, que o cumpramos com excelência. Que façamos tudo da melhor maneira que conse­guirmos. Quem for chamado para liderar cinqüenta, seja, en­tão, um líder exemplar de cinqüenta. Não tente liderar mil, pois, se tentar, acabará fazendo papel de tolo. Da mesma forma, quem for chamado para liderar mil não continue a liderar ape­nas cinqüenta, ignorando seu verdadeiro chamado só porque não quer enfrentar um trabalho mais pesado e assumir uma responsabilidade maior. Se assim o fizer, nunca se sentirá rea­lizado ou satisfeito.

Eu, por exemplo, se tivesse insistido em continuar com aquele pequeno ministério na cidade de Fenton, no Estado do Missouri, não me sentiria realizada ou satisfeita. Sim, um ministério grande como o meu envolve muita responsabilidade e trabalho. Há tam­bém muita responsabilidade financeira.

Falar para milhares de pessoas na televisão diariamente é uma responsabilidade imensa. Sei que nem sempre falo tudo da me­lhor forma. Tenho de ter a certeza de que estou "manejando bem a palavra da verdade"8 diante de todos os que me assistem, como a Bíblia diz que devemos fazer, não lhes ensinando o que é errado ou inconsistente. Por ser uma responsabilidade enorme, tenho de confiar bastante em Deus. Mas me sentiria péssima se me recu­sasse a fazê-lo por desejar algo mais fácil. Poderia até ser mais fácil para minha carne, mas seria terrível para meu o espírito ou meu coração. Eu me sentiria doente por dentro o tempo todo.

Há muitos que estão doentes por dentro porque não se sen­tem realizados. Não estão sendo tudo que poderiam ser e não estão fazendo tudo que sabem que deveriam estar fazendo. Estão deixando o diabo — e/ou outras pessoas — convencê-las a desistir do chamado e da bênção de Deus.

Foi isso que aconteceu com os servos na passagem de Ma­teus 25. O homem que iria sair de viagem entregou talentos a três de seus servos antes de partir. Enquanto ele estava fora, um in­vestiu o que recebeu e teve retorno com juros. Assim, quando o homem voltou, viu o que o servo tinha feito com o talento e disse: "Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei".

O segundo servo fez o mesmo, com resultado semelhante, e seu patrão também o elogiou. O terceiro homem, porém, com medo, decidiu enterrar o seu talento. Quando o patrão voltou de viagem e viu o que o servo tinha feito, ficou tão descontente com aquele servo que lhe tirou o talento e o deu ao servo que tinha dez talentos.9

Muitos agem como o terceiro servo. Escondem seu talento porque sentem medo: medo da responsabilidade, medo do julga­mento, medo do que os outros irão pensar deles. Têm medo de enfrentar o desconhecido, medo da opinião alheia, medo de serem mal entendidos, li, têm também medo do sacrifício e do tra­balho relacionados à sua missão.

Meu desejo é que cada um de nós não tenha medo de inves­tir os talentos que Deus nos deu, para a glória dEle. Que ninguém venha a se sentir infeliz, frustrado e insatisfeito por estar deixan­do de desenvolver aquilo que Deus lhe confiou. Espero que, pelo poder do Espírito Santo, eu possa, por meio destas palavras, acen­der agora uma chama em seu coração para que você se posicione firmemente contra o nosso inimigo, Satanás, e esteja determina­do a perseverar no cumprimento da soberana vocação de Deus em Jesus Cristo,", sempre dedicando-se à sua obra, sabendo que o seu trabalho não é em vão."

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo 3

 

A Estabilidade Produz Capacidade

- Parte 1

 

Nos capítulos 1 e 2, vimos que a nossa principal prioridade é o desenvolvimento de nosso potencial. Não usamos todo o potencial que temos. Algo que existe como possibilidade não se transforma, necessariamente, em realidade. Contudo, isso pode ocorrer se adicionarmos outros ingredientes.

Comparo o potencial a uma caixa de mistura pronta para bolo. Por si só, o fato de eu ter no armário da cozinha o produto para fazer um bolo não significa que o bolo será realmente feito. Precisarei ter certo trabalho para que o bolo em potencial em meu armário venha a se tornar um bolo real na mesa.

Cada um de nós tem potencial porque Deus compartilha a sua própria essência conosco, colocando dons e talentos em nós. Mas, assim como a mistura para bolo, precisamos pegar esses dons e talentos e trabalhá-los para que se desenvolvam.

Dave e eu costumamos tirar muitas fotos, mas quase nunca as mandamos revelar. As vezes chegamos a acumular inúmeros rolos de filme em casa, e já nem conseguimos mais nos lembrar quais fotos há neles; então, qual a utilidade deles para nós? Se não os revelarmos, eles apenas representam um desperdício de dinheiro e tempo.

Há tanto potencial desperdiçado na igreja atual porque as pessoas não estão desenvolvendo o que Deus lhes deu. Por isso, insisto em que você pegue todos os dons e talentos que recebeu e desenvolva-os. Se o fizer, poderá mudar sua vida e fazer diferença na vida de outros.

Também vimos, nos Capítulos 1 e 2, que o elo que une o potencial existente à transformação dele em realidade dele é o esforço. Eclesiastes 5.3 diz: "Porque dos muitos trabalhos [esfor­ços] vêm os sonhos".

Creio que sou um exemplo clássico do que Deus pode fazer com alguém que, humanamente, não parece ter muito o que aprovei­tar, mas que está disposto a se esforçar para desenvolver seu poten­cial. Não estou me depreciando, mas, na verdade, como mencionei anteriormente, não tenho muitos talentos e dons. Não sou criativa, não tenho talento artístico nem aptidão musical. Mas tenho a capa­cidade de falar em público. Tenho o dom da comunicação verbal e escrita. Então tenho usado esses dons desenvolvendo-os na obra de Deus. Estou fazendo o que Deus colocou em meu coração.

Algumas vezes Dave e eu conversamos sobre as nossas vi­sões para o futuro do Ministério Vida na Palavra e também para a nossa vida pessoal. Sentimos que Deus deseja que continuemos a fazer o que estamos fazendo, realizando mais do que estamos realizando, fazendo-o bem e com excelência.

Tenho muitos alvos e idéias relacionados à disseminação do Evangelho de forma mais eficaz, mas não faço nada que exceda os limites dos meus dons e vocação. Se o fizesse, sei que só teria frustrações.

Deus fala comigo com regulari­dade. Ele me fala, tanto ao coração quanto por meio da Sua Pala­vra, sobre muitas coisas. Mas, às vezes, passa-se muito tempo sem que eu receba uma orientação direta dEle dizendo "faça isto" ou "faça aquilo" com relação ao meu ministério.

Mas isso não me incomoda, pois sei que estou realizando a vontade dEle. E se Fie quiser que eu continue até que Jesus vol­te,1 então assim será. Luto constantemente para manter minha estabilidade, e essa estabilidade consiste em continuar realizando a obra que Deus me chamou para fazer.

Como veremos a seguir, para alcançarmos esse ponto em algo para o qual fomos chamados, é necessário que passemos por um processo de testes que molda o caráter e desenvolve a estabilidade.

Todos podem adquirir estabilidade; ela não é exclusividade dos líderes. Não somente para um bom líder, mas para qual­quer pessoa, é indispensável que a estabilidade seja desen­volvida, pois Deus quer usar nossa vida de maneiras tão in­críveis que jamais poderíamos imaginar.

 

Demonstre Estabilidade

Pela recordação que guardo de tua fé sem fingimento

(a entrega de toda tua personalidade a Deus, em Jesus Cristo,

com absoluta confiança em seu poder, sabedoria e bondade),

a mesma [fé] que, primeiramente, habitou em

[no coração de] tua avó Lóide e em tua mãe Eunice,

e estou [plenamente] certo de que [habita] também em ti.

Por esta razão, pois, te admoesto que reavives

[reacende as brasas, reaviva a chama e a mantém acesa]

o [gracioso] dom de Deus [essa chama interior] que há

em ti pela imposição das minhas mãos

[e das dos presbíteros que estavam em sua ordenação].

Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia

(de medo servil, que aprisiona), mas [tem nos dado espírito]

de poder, de amor e de moderação.

2 Timóteo 1.5-7

 

Pressinto que nestes últimos dias2 haverá uma ressurreição de um ensinamento que há tempos não tem sido muito bem acei­to, mas que, mesmo assim, todos precisamos ouvir. Creio que teremos de ser lembrados (como Paulo o faz, no texto acima, com seu jovem discípulo Timóteo) da necessidade de estarmos dispostos a passar por sacrifícios e sofrimentos para atender ao chamado de Deus para a nossa vida. Nem tudo aquilo que tere­mos de realizar na obra de Deus será sempre agradável para nós.

Há um tipo de sofrimento que a Bíblia nos ensina que é legítimo. Obviamente não estamos falando de pobreza, de doen­ça ou de desastres pessoais. Mas se nós, cristãos, vamos fazer aquilo para o que Deus nos chamou, teremos de passar por sofrimentos pessoais para fazê-lo.

Timóteo era um jovem pastor que estava com vontade de desistir. A chama que ele tinha dentro de si estava diminuindo. Então o apóstolo Paulo escreveu-lhe para encorajá-lo e também alertá-lo em relação à atitude que ele estava permitindo que o dominasse.

Havia muita coisa acontecendo na igreja naqueles dias. A perseguição era intensa. E Timóteo estava sentindo um certo medo que começava a dominá-lo.

Todos nós passamos por esses períodos de frustração e medo, tanto na vida pessoal como no ministério. Enfrentamos épocas em que parece que tudo está desmoronando sobre nós. Às vezes temos a impressão de que não conseguiremos continuar.

O diabo já lhe falou em sua mente que você não conseguirá mais levar adiante o que está fazendo?

Bem, quero que saiba que ouço isso também, e com uma freqüência razoável, principalmente quando estou viajando de ci­dade em cidade, "morando" em hotéis, ficando acordada até tar­de ministrando ou preparando-me para o dia seguinte. Às vezes, quando acordo pela manhã, estou tão cansada por causa das mui­tas pregações e estudos que ouço o diabo dizendo em minha mente: "Você não consegue mais fazer isso. Você não vai agüen­tar mais continuar".

Fiquei muito feliz quando descobri que tais pensamentos vêm do diabo, pois durante muito tempo achei que eram meus. Mas agora sei que é o diabo quem o faz, e que, como vimos anterior­mente, ele é mentiroso; é o pai da mentira, e, portanto, posso dizer-lhe: Satanás, você é um mentiroso. Posso continuar, sim, a fazer a obra de Deus porque Ele é a minha força.

Assim, depois que retorno para casa e descanso um pouco, sinto-me pronta para sair novamente e fazer tudo de novo.

Timóteo se encontrava na situação em que às vezes me en­contro. Sentia-se exausto e estava prestes a desistir. Então Paulo teve de escrever essa passagem, em 2 Timóteo 1.5-7, para lembrá-lo da fé que ele herdara da avó, Lóide, e da mãe, Eunice. Paulo roga a Timóteo que reavive [reacenda as brasas, reavive a chama e a mantenha acesa] o [gracioso] dom de Deus [a chama interior] que há nele. Ele diz, ainda, no versículo 7, que Deus não dera a Timóteo espí­rito de covardia, mas de poder, amor e moderação.

Mas o que Paulo estava real­mente querendo transmitir ao jovem          * E QUISERMOS Timóteo? Bem, o que ele de fato estava dizendo era: "Timóteo, a cabeça! Não se renda aos sentimentos negativos! Talvez você queira desistir, mas sei que você pode recuperar a sua estabilidade. É isso que quero ver em você".                                                                      

Se quisermos que nosso potencial seja plenamente liberado, precisamos demonstrar que temos estabilidade.

 

A Estabilidade Advém da Obediência

O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa define assim a pala­vra estabilidade: "1. firmeza, solidez, imobilidade; 2. condição do que se mantém constante, invariável; 3. estado de equilíbrio, de imperturbabilidade''.

Quando temos estabilidade, fazemos o que é certo indepen­dentemente de estarmos nos sentindo bem ou não. Oramos quan­do queremos e quando não queremos; damos quando queremos e quando não queremos dar; abrimos mão do que queremos abrir e do que não queremos abrir, desde que Deus nos mande fazê-lo.

Se nós, povo de Deus, quisermos ter tal estabilidade, tere­mos de ser obedientes quando estivermos dispostos a ser e quan­do não o estivermos.

Não me importa qual seja a decisão dos outros; quanto a mim, já decidi: procurarei manter minha estabilidade. Farei o que creio que Deus me ordenou, falando ao meu coração e por meio da sua Palavra, não importa o que aconteça.

Já vimos que a Bíblia nos fala que Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder e de amor; e deu-nos uma mente sã e equilibrada. Gosto muito do modo como a versão da Bíblia am­pliada em inglês (The Amplified Bible) traduz esse versículo. Ela enfatiza algo que eu não conhecia de outras fontes, dizendo que o Espírito de Deus que há em mim é um espírito de disciplina e domínio próprio.

 

Pare com o "Ioiô Emocional"

Mas o fruto do Espírito [Santo, que é a obra que sua

presença em nós realiza] é: amor, alegria

(contentamento), paz, longanimidade

(paciência, um temperamento equilibrado),

benignidade, bondade, fidelidade, mansidão

(humildade, brandura), domínio próprio (autocontrole).

Contra estas coisas não há lei.

Gálatas 5.22-23

 

Segundo esse texto, domínio próprio é fruto do Espírito San­to. Se quisermos ser líderes, devemos ter autocontrole. Também devemos ser dignos de confiança. Precisamos ser confiáveis para Deus. A confiança é decorrência da estabilidade. Algo que me irrita muito é ter, em meu quadro de funcionários ou em minha equipe de ministério, pessoas que vivem tendo altos e baixos emo­cionais, pois nunca sei como reagirão. Eu os chamo de "funcio­nários de alto custo' de manutenção". Eles me irritam porque te­nho de acompanhá-los pessoalmente o tempo todo.

E esse acompanhamento constante que temos de fazer com relação a esse tipo de pessoa só é necessário porque elas se dei­xam levar pelas emoções em vez de seguir a direção do Espírito Santo que habita nelas. Mas se não aprenderem a ouvir a voz do Espírito Santo por meio do testemunho interior dEle em nós e da Palavra e obediência a ela, nunca se tornarão como Deus quer que sejam.

Os líderes devem ter auto-controle e autodisciplina. Têm de ser capazes de reconhecer quando estão indo na direção errada e fazer as correções necessárias no trajeto sem precisar de que outros as façam por eles.

Esse tipo de estabilidade emocional, de autocontrole e de domínio próprio não se aplica somente aos líderes; é algo que todos os cristãos precisam desenvolver cada dia mais em sua vida.

Lembro-me da época em que eu era o que chamo de "cristão ioiô". Estava sempre ou "em alta" ou "em baixa" emocionalmente. Se Dave fizesse aquilo de que eu gostava, eu ficava feliz. Se não o fizesse, eu ficava furiosa.

Mas há tempos já amadureci. Dave nem sempre faz as coisas de que gosto, mas agora não fico mais chateada como naquela época, pois aprendi a exercer o domínio próprio.

Você talvez tenha um casamento maravilhoso, como eu e Dave temos agora (depois que passei por grandes mudanças com a ajuda do Espírito Santo), mas você nunca terá um cônjuge que sempre fará o que você quer, o tempo todo. Se você for do tipo que fica feliz toda vez que seu cônjuge faz aquilo de que você gosta e triste toda vez que ele faz algo de que não gosta, então será como eu fui: cheia de altos e baixos emocionais.

Deus, porém, não deseja que vivamos nessa instabilidade emocional, e sim que sejamos estáveis.

Espero que cada leitor deseje profundamente ter estabilida­de porque, se assim for, este livro poderá ajudá-lo.

 

Concentre-se Naquilo em que Crê

Se quisermos desenvolver estabilidade em nossa vida, vez por outra iremos passar por sofrimentos pessoais, pois mesmo a contragosto teremos de optar por fazer o que é certo.

Aquilo de que os crentes mais me falam é o modo como se sentem:

"Sinto que ninguém me ama."

"Sinto que meu cônjuge não me trata como deveria." "Sinto que nunca terei sucesso nem felicidade em minha vida." "Sinto... Sinto... Não sinto..." e assim por diante, sem parar.

Parece que estamos apenas sentindo ou não sentindo o tempo todo, como se os sentimentos fossem a razão de ser da nossa vida. Porém, como cristãos, em vez de nos concentrarmos no que sentimos, temos de nos concentrar naquilo em que cremos.

Sinceramente, nem sempre me sinto ungida, mas creio que sou. Nem sempre tenho vontade de pregar e ensinar, mas levan­to-me e o faço. E por quê? Porque é minha responsabilidade. Sou líder. Há pessoas que dependem de mim.

Como poderemos ser líderes se nos deixarmos guiar pelos nossos sentimentos? Temos de andar de acordo com o que cremos que é correto. Se formos ficar esperando sentir vontade de fazer o que e certo, talvez nunca venhamos a fazer coi­sa alguma.                                                     

Se quisermos ser lideres, não podemos agir conforme os sentimentos; que é certo.

Somos humanos (carne) e precisamos aprender a discernir as coisas da alma e as do espírito.4 Temos de distinguir se o que está nos impulsionando é a alma (nossa mente, nossa vontade e nossas emoções) ou se é o Espírito Santo. Se for a alma, então temos de ter força e determinação para dizer "não" e optar por seguir a direção do Espírito.

Na Bíblia, esse é o sentido de estabilidade: a capacidade de exercer a autodisciplina e o autocontrole.

 

Administre as Emoções

Quando analisamos as qualificações necessárias para o exer­cício da liderança, a freqüência com que encontramos referênci­as à autodisciplina e ao controle emocional é impressionante. Na verdade, o assunto é tão importante que escrevi um livro inteiro sobre ele, intitulado Managing Your Emotions5 (Adminis­trando Suas Emoções).

Nesse livro explico que como as nossas emoções nos acom­panharão durante a vida inteira, devemos aprender a controlá-las ao invés de deixá-las nos controlar.

Sempre desejamos que as coisas desagradáveis ou proble­máticas desapareçam. Se algo nos incomoda ou nos causa proble­mas, pedimos a alguém que ore por nós para sermos libertos da­quilo e termos paz.

Deus, entretanto, deseja que amadureçamos e compreenda­mos que há certas coisas nesta vida que precisamos aprender a controlar sozinhos. As emoções são uma delas.

Por exemplo, o fato de eu sentir vontade de dar um soco em alguém não me dá o direito de perder o controle e fazê-lo. Não posso fazer tudo o que me der vontade.

Há algum tempo, eu disse a meu marido: "Dave, sabe o que gostaria de fazer? Gostaria de fugir de casa".

Naquela época, sentia que tudo na minha vida estava me soterrando. Havia problemas no escritório, problemas em casa, problemas em todo lugar para onde eu olhasse. Então pensei: Quero sair daqui! Não quero que ninguém fale comigo. Quero ir para um lugar onde ninguém me conheça ou me reconheça. Só quero quetodo mundo me deixe em paz.

Como eu gostaria de fugir de casa! Mas eu sabia que não faria isso porque não podia. Sou líder, e os líderes não fogem das coisas que os perturbam. Ao con­trário, eles ficam e as resolvem.

Se queremos ser líderes, devemos entender que não podere­mos fazer ou dizer tudo o que pensamos ou sentimos.

Também no casamento essa é uma verdade fundamental. Meu marido, Dave, e eu somos uma equipe; juntos, lideramos um lar e um ministério. Embora tenhamos personalidades completamen­te diferentes, temos de conviver um com o outro em paz e andar mutuamente em amor, dando um bom exemplo. Acho que nos damos muito bem, considerando todo o tempo que passamos juntos e todas as decisões que temos de tomar em conjunto.

Nosso casamento não segue a rotina comum de um casal que passa quinze minutos juntos todas as manhãs, depois cada um pega seu carro e sai para o trabalho, e, depois do expediente, voltam para casa e passam meia hora juntos antes de irem se deitar... E, no dia seguinte, acordam e fazem tudo outra vez. Não. Nós ficamos jun­tos o tempo todo, constantemente, dia e noite. Quando temos esse tipo de convivência contínua com o cônjuge, é melhor termos um relacionamento em que nos damos muito bem!

Para falar a verdade, por mais que ame Dave, pelo menos umas quinze vezes por semana eu tenho de me segurar e ficar de boca fechada, embora, na realidade, sinta vontade de dizer algo que sei que causaria problemas. Mas o Espírito Santo me orienta nessas ocasiões, e sei que se disser algo para Dave naquele mo­mento, iremos nos desentender. Então exerço o domínio próprio e fico calada. E tenho certeza de que muitas vezes Dave faz o mesmo com relação a mim.

Ambos aprendemos que, do mesmo modo como não pode­mos falar ou fazer tudo o que queremos para termos um casa­mento bem-sucedido, o mesmo princípio se aplica ao nosso exer­cício da liderança na obra de Deus.

Se quisermos ser líderes, não podemos dizer sempre o que quisermos, fazer tudo o que quisermos, ir sempre aonde quiser­mos, comer tudo o que quisermos, ficar acordados até a hora que quisermos ou nos levantar somente na hora em que quisermos.

Teremos de exercer o autocontrole.

Precisaremos dizer aos nossos próprios desejos carnais: "Vo­cês vão se adequar ao que é correto, gostando ou não!"

O chamado do líder é superior a tudo o mais. É algo muito mais importante do que satisfazer os próprios desejos; muito mais importante do que se sentir bem todo o tempo.

Para sermos capazes de obedecer ao Espírito ao invés de ce­der aos desejos da carne, temos de realmente querer ser líderes.

O Desejo de Ser Líder é Positivo

Fiel é a palavra: se alguém aspira

[ansiosamente] ao episcopado

(superintendência, supervisão),

excelente obra almeja.

1 Timóteo 3.1

 

Almejar a liderança é algo bom. Não há problema nenhum em querer ser líder. Mas, de acordo com o texto a seguir, quem quer ser líder na obra de Deus precisa atender a determinadas exigências bíblicas. Vamos analisar algumas delas para o exercício da liderança espiritual.

Ser Irrepreensível

E necessário, portanto, que o bispo

(superintendente, supervisor) seja

irrepreensível, esposo de uma só mulher,

temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro

[demonstrando amor e sendo amigo dos

crentes, principalmente dos estrangeiros ou

estranhos] e apto para ensinar.

1 Timóteo 3.2

 

Um líder espiritual não pode dar margem a acusações. Deve ser irrepreensível, isto é, precisa ter uma conduta tão correta que os outros não consigam encontrar nenhum motivo para acusá-lo de erros nem apresentar acusação alguma contra ele.

Dave e eu não poderíamos ocupar a posição de líderes espi­rituais, ensinando outras pessoas como viver corretamente, se ti­véssemos uma conduta de ímpios. Se quisermos ser líderes, te­mos de ser exemplos para os outros. Não podemos ensinar às pessoas algo que nós mesmos não fazemos.

Era exatamente isso o que os fariseus faziam, por isso Jesus os chamou de hipócritas. Eles ensinavam aos outros o que deviam fazer, mas eles mesmos não o faziam.6 Um líder deve ser ponde­rado, moderado, controlado e sensato. Considero essa última exigência muito importante. Porém, o grande problema de mui­tos, inclusive de alguns na própria igreja, é que são bastante tolos. As vezes parece que quando certas pessoas se convertem e são cheias do Espírito Santo e recebem o poder de Deus que as capa­cita a fazer a vontade dele, algumas delas pensam que devem jo­gar a sensatez pela janela. Mas é justamente o contrário! Se al­guém vai desenvolver um ministério, deve ter muita sensatez, como nos adverte Provérbios 24.3-4: Com sabedoria [sensatez] edifica-se a casa, e com inteligência ela se firma; pelo conhecimento se encherão as câmaras de toda sorte de bens, preciosos e deleitáveis.

Em 1 Timóteo 3.2, podemos observar que um líder deve ter uma conduta adequada e digna, levando uma vida disciplinada e organizada. Note-se que novamente surge a palavra disciplina.

Devemos ser hospitaleiros e gentis, principalmente com os forasteiros ou com os estrangeiros. Em qualquer tipo de encon­tro social — por exemplo, uma festa, um culto ou qualquer outra atividade —, devemos agir de forma que as pessoas de fora da família e do círculo de amizades se sintam à vontade e aceitas.

Por fim, esse versículo nos fala que o líder deve ser capacita­do e qualificado para ensinar. Isso inclui o ensino por meio do próprio exemplo de vida. A sociedade quer ver cristãos que levem uma vida honesta e transparente. Ela deseja poder confiar em alguém, e é nosso dever transmitir aos outros os princípios de uma vida piedosa.7 A nossa casa deve ser o primeiro lugar onde devemos pôr isso em prática.

Cuidar do Próprio Lar

... Não dado ao vinho, não violento,

porém cordato, inimigo de contendas, não avarento

[ávido por obter riquezas, mesmo que seja por meios

questionáveis]; e que governe bem a própria casa,

criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito

(pois, se alguém não sabe governar a própria casa,

como cuidará da igreja de Deus?).

1 Timóteo 3.3-5

 

Eis aí um grande desafio! Fazer nossos filhos agirem sempre de forma respeitosa é um trabalho de tempo integral, ao qual temos de nos dedicar com afinco. Precisamos dizer continuamente: "Não vou tolerar nenhuma atitude ou comportamento de desres­peito. Você vai ter de respeitar os outros".

Naturalmente é muito mais fácil deixarmos os filhos fazer o que quiserem, sem corrigi-los, do que ter todo o trabalho neces­sário para discipliná-los.

Quando Dave deixava nossos filhos de castigo proibindo-os de sair durante duas semanas, eu sentia que ele estava castigando a mim, e não a eles. Eu dizia: "Será que não podíamos só tirar a mesada deles ou algo assim? Se eles ficarem de castigo em casa durante duas semanas, você vai poder sair para o trabalho, mas eu terei de ficar aqui com eles".

Para criar bem nossos filhos, às vezes temos de nos sacrifi­car. Temos de passar por dificuldades pelas quais preferiríamos não passar. Creio que atualmente os filhos têm tantos problemas porque nós, os pais, sempre estamos ocupados demais e não que­remos reservar o tempo necessário para discipliná-los correta­mente, pois é algo muito trabalhoso.

Paulo diz que se alguém não sabe governar a própria casa como será capaz de cuidar da Igreja? Contudo, quando Paulo fala de governara casa, ele não está dizendo que devemos ser pais auto­ritários, ditatoriais, que governam o lar com mão de ferro. O lider bem-sucedido é aquele que tem capacidade para liderar, guiar e cuidar da sua casa com sabedoria, amor e compreensão divinos.

 

Ser Aprovado por Deus

Não seja neófito, para não suceder [que desenvolva uma

disposição mental que o cegue e o torne tolo,] que se

ensoberbeça [se torne cego pela arrogância] e

incorra na condenação do diabo.

Pelo contrário, é necessário que ele tenha

bom testemunho dos de fora [da igreja],

afim de não cair no opróbrio e no laço do diabo.

Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário

que sejam respeitáveis, de uma só palavra,

não inclinados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida

ganância [ávidos por riquezas e lançando mão de

métodos desonestos para obtê-las], conservando o

mistério da fé [a verdade de Cristo não revelada

aos descrentes] com a consciência limpa.

Também sejam estes primeiramente experimentados; e,

se se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato.

1 Timóteo 3.6-10

Aqui, Paulo nos alerta que não devemos ser precipitados ao colocar alguém em um cargo de liderança. A pessoa precisa, an­tes, estar preparada. Essa preparação inclui a aprovação em deter­minados testes e a superação de algumas situações difíceis e árduas. Os momentos de dificuldade nos transformam, aperfeiçoam nosso caráter e nos amadurecem. Eles nos forçam a confiar em Deus, e não em nós mesmos ou em outras pessoas e coisas. Sem pre­paração, nos encheremos de orgulho, o que resultará em situa­ções desastrosas.8

Paulo enfatiza isso no texto acima. Ele diz que os que alme­jam posição de liderança devem ser provados antes de assumir responsabilidades na igreja. Se forem aprovados, então poderão servir na liderança do povo, cumprindo, assim, a vocação de Deus para a vida deles.

Se você está frustrado neste momento por causa de um chamado de Deus que ainda não se cumpriu em sua vida, vou lhe dizer onde você se encontra: no campo de provas. (J modo como Deus ira usá-lo depois depende de como você irá se portar para ser aprovado no teste que está enfrentando agora. Mais adiante, vamos considerar em detalhes alguns dos testes pelos quais temos de passar para que

Deus aperfeiçoe nosso caráter. Um deles é o teste da estabilidade, pelo qual não é fácil passar.

Para sermos estáveis, temos de decidir que iremos sempre fazer o que é certo, não importando se estamos dispostos a fazê-lo ou não. Vamos ter de ler a Bíblia e obedecer às suas instruções, quer gostemos ou não, quer queiramos ou não, quer tenhamos vontade ou não.

Se quisermos permanecer no fluir do Espírito Santo, temos de fazer o que Ele nos ordena quando fala conosco em nosso coração ou por intermédio de sua Palavra. Não somos membros de um conselho que delibera e vota quanto a fazer ou não o que a Palavra diz; temos tão-somente de obedecer a ela.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo 4

 

A Estabilidade Produz Capacidade

- Parte 2

 

Porque o Senhor Deus me ajudou, pelo

que não me senti envergonhado; por isso,

fiz o meu rosto como um seixo e sei que

não serei envergonhado.

Isaías 50.7.

 

Vimos que devemos ser pessoas em quem Deus possa confiar. Se não formos estáveis, não poderemos gozar da confiança de Deus ou de qualquer outra pessoa.

Em nosso ministério, quero que aqueles que trabalham co­migo sejam pessoas nas quais eu possa confiar, pois irão fazer o que se espera delas. Como já foram provadas e aprovadas, sei como irão agir em determinada situação.

Por exemplo, uma vez tinha o compromisso de fazer uma reunião em certa cidade. Como o vôo foi cancelado, eu e minha equipe tivemos de ir de carro, e precisávamos chegar à cidade duas horas antes do início da reunião. Tínhamos muitas coisas para preparar, como montar os equipamentos e passar o som.

Mesmo em meio a toda aquela agitação, não ouvi uma só palavra de reclamação de minha equipe. Não vi nenhum traço de má vontade sequer. Na verdade, ríamos e nos divertíamos. Isso só foi possível porque a equipe era composta por pessoas está­veis, por isso sabiam o que fazer e como fazê-lo de bom humor. Fico muito feliz por Deus ter me dado funcionários, colegas, amigos, família e um marido estáveis. A estabilidade é, provavel­mente, a característica predominante da vida de Dave. Durante os anos do início de nosso casamento e ministério, quando eu tinha altos e baixos emocionais, gritando com Dave e com nossos fi­lhos e ficando extremamente irritada com as contas a pagar e o dinheiro insuficiente, Dave estava sempre com os pés no chão, firme, estável como uma rocha.

Na verdade, Dave era tão estável que eu ficava irritada com ele e reclamava: "Você é insensível. Não tem emoções. Se sentir uma emoção, nem vai ser capaz de reconhecer o que está sentindo!".

Quando somos instáveis e incoerentes, a estabilidade das pessoas com quem convivemos nos irrita. No fundo, gostaría­mos que também ficassem irritadas quando estamos irritados. Isso acontece porque o próprio fato de elas serem estáveis nos mostra que nós não o somos.

Naquela época, eu ficava à mesa da cozinha contando o di­nheiro e somando as contas que tínhamos de pagar. Como o va­lor das contas era sempre maior do que o dinheiro disponível, eu ficava transtornada.

Dave, porém, ficava na sala de estar, com nossos filhos, ven­do televisão e brincando com eles. Eu ficava com tanta raiva dele que dizia:

— Por que você não vem aqui e faz alguma coisa?

— O que você quer que eu faça?, perguntava ele. Você já me disse quanto dinheiro temos e qual é a soma das contas a pagar. Você largou o emprego para se preparar para o ministé­rio porque foi isso que Deus lhe disse para fazer. Temos o com­promisso de fazer a vontade dEle e confiar nEle. Nós damos o dízimo, e Ele nos sustenta. Todos os meses Ele nos dá tudo de que precisamos para viver. Por isso, não vejo por que precisaría­mos discutir isso de novo. E concluía dizendo:

— Joyce, do mesmo modo como você quer que eu vá aí e fique irritado junto com você, você pode vir aqui, ficar com a gente e se divertir também, se quiser. Mas se você preferir ficar aí se sentindo péssima, é problema seu. Não posso fazer nada para você se sentir bem, mas também não vou deixar que você me faça me sentir mal.

Ainda me recordo da ira que sentia. Ela vinha sobre mim tão violentamente que eu queria fazer algo. Mas só o que eu conse­guia fazer era me encher de fúria.

Se quisermos ser líderes, esse tipo de coisa precisa morrer. Temos de parar de andar em círculos o tempo todo. Temos de resolver não mais passar pelas mesmas provas e ser reprovados todas as vezes. Mas não importa quantas vezes sejamos reprova­dos, pois Deus nunca irá nos re­provar definitivamente em sua escola. Só teremos de ficar "em recuperação" até aprendermos e sermos aprovados.  

Quando Deus me vocacionou, disse-me: "Joyce, eu a amo. 

Dei-lhe determinados dons. Tenho em mente grandes planos para a sua vida. Mas para eles se cumprirem, você tem de se tor­nar emocionalmente estável".

Deus não quer que mude­mos todas as vezes que as circunstâncias mudam. Ao contrário, Ele quer que sejamos sempre os mesmos, assim como Ele é.

 

Jesus Cristo (o Messias), ontem e hoje, é o mesmo e o será para (todo o) sempre.

Hebreus 13.8.

 

Qual é o aspecto da vida de Jesus que mais toca o nosso coração? Há muitas respostas para essa pergunta, é claro. Por exemplo, o fato de que ele morreu na cruz, para que não fôsse­mos condenados por nossos pecados, e ressuscitou no terceiro dia.1 Mas, em nosso relacionamento diário com Ele, uma das coisas mais preciosas para nós é a certeza que podemos ter de que Ele nunca irá mudar.

Amamos Jesus e somos capazes de confiar nEle porque Ele nunca muda. Ele disse em sua Palavra: "Serei, ontem e hoje, o mesmo, e o serei para sempre".2 Se há algo acerca de que pode­mos ter certeza absoluta é o fato de que Jesus nunca muda. Ele pode mudar seja o que for que precise ser mudado em nós, mas Ele próprio permanece sempre o mesmo.

Esse é o tipo de amigo que quero ao meu lado, o tipo de funcionário que quero ter, o tipo de pessoa e de líder que quero ser. Quero ter essa estabilidade em minha vida para que os outros saibam que podem contar comigo.

Houve uma época em minha vida em que minhas emoções prevaleciam sobre a razão. Não conseguia controlá-las; elas é que me controlavam. Infelizmente, naquela época eu não sabia o que sei agora.

Além de os outros não poderem contar comigo, havia dias em que minhas emoções tinham tal controle sobre mim que nem eu mesma podia contar comigo.

Eu nunca sabia como iria reagir. Ao acordar, ficava tentando ima­ginar o que iria fazer naquele dia, como seria meu comportamento...

Mas Jesus não é assim. Podemos dizer que a maturidade emocional é uma de suas características. E parte dessa maturida­de é o fato de que Ele é sempre o mesmo: estável, imutável, fidedigno, confiável. É esse tipo de maturidade emocional que deve ser o nosso alvo.

Ser emocionalmente maduro significa tomar decisões basea­das na direção do Espírito Santo, não em nossos sentimentos. Mas isso não acontece naturalmente.

O simples fato de saber essas coisas não faz com que te­nhamos controle sobre nossas emoções. Mas temos um Deus que é poderoso. Quando chegarmos a um ponto em que real­mente queiramos parar de ceder às emoções, poderemos confiar nEle para nos ajudar a amadurecer e ser emocionalmente estáveis assim como Seu próprio Filho Jesus.                           

Isso não significa que ficaremos insensíveis. Deus nos deu as emoções para podermos apreciar a vida. Sem sentimentos, a vida seria terrivelmente monótona. Ter estabilidade emocional significa simplesmente le­varmos uma vida emocionalmente equilibrada. Como crentes em Jesus, isso é algo que ele nos concede por direito, tornando-se parte de nossa herança espiritual quando lhe entregamos nossa vida.3

Assim, da próxima vez que suas emoções se acentuarem de­mais, eu o estimulo a encará-las e dizer-lhes: Não! Vocês já me dominaram por tempo demais. Agora eu é que estou assu­mindo o comando, e vou controlar vocês com toda a força e o poder do Espírito Santo.

 

Deus é Constantemente Bom

Toda boa dádiva e todo dom perfeito

(pleno, amplo, integral)

são lá do alto, descendo do Pai das luzes

[que as dá],  em quem [em cujo brilho] não pode

existir variação ou sombra de mudança

[como num eclipse].

Tiago 1.17.

 

O que Tiago está dizendo nesse versículo? Está dizendo que Deus é bom; ponto final. Ele não é bom de vez em quando; Ele é sempre bom. Ele não é bom sob certas condições; Ele simples­mente é bom.

Tiago também está dizendo que Deus é imutável. Em Deus não há mudança nem variação. Vimos que seu Filho, Jesus, nunca muda. Em João 10.30, vemos que Jesus e Deus são um só. Se Jesus nunca muda, Deus nunca muda; seja como o Deus Pai, o seu Filho Jesus ou o Espírito Santo. Ele é sempre o mesmo.

Deus é sempre o mesmo — sempre bom. Mesmo se estivermos pas­sando por dificuldades, Deus contínua sendo bom. Se algo de ruim nos acontece, mesmo assim ele continua sendo bom. Sendo um Deus bom, Ele quer fazer coisas boas para nós. Ele não faz o bem para nós por­que somos bons e merecedores; Ele o faz porque Ele é bom.

O mundo ainda precisa aprender essa verdade. Certas pes­soas na igreja também.

 

A Estabilidade É Alcançada de Modo Progressivo

Ainda: No princípio, Senhor, lançaste os fundamentos da terra, e os céus são obra das tuas mãos; eles perecerão;

tu, porém, permaneces; sim, todos eles envelhecerão qual veste; também, qual manto [jogado sobre a pessoa],

os enrolarás, e, como vestes, serão igualmente mudados;

tu, porém, és o mesmo, e os teus anos jamais terão fim.

Hebreus 1.10-12.

 

Como é reconfortante saber que mesmo que tudo o mais no mundo mude, Deus sempre permanecerá o mesmo. Afinal, como poderíamos depositar nossa confiança em Deus, que é o que Ele espera de nós, se não crêssemos que Ele é sempre fiel e que, de alguma forma, sempre supre nossas necessidades, quais­quer que sejam?

Deus sempre nos ama incondicionalmente. Ele não nos ama se formos bons e deixa de nos amar se formos maus. Ele sempre nos ama. Ele é sempre bondoso; sempre tardio em se irar; sempre cheio de graça e misericórdia; sempre pronto a perdoar.

O que aconteceria em nossa vida e na vida das pessoas ao nosso redor se fôssemos como Deus nesse aspecto? O que acon­teceria se fôssemos sempre amorosos, sempre tardios em nos irar, sempre cheios de graça e misericórdia e sempre prontos a perdo­ar? O que aconteceria se, como Deus, fôssemos sempre constru­tivos, pacíficos e generosos?

Não devemos ter altos e baixos emocionais, como se nossas emoções fossem um ioiô. Ao contrário, devemos ser estáveis. Nosso problema, porém, é que estamos sempre mudando.

Meu marido, Dave Meyer, e eu estamos casados há mais de trinta anos, e toda manhã ele se levanta de bom humor.

Além disso, começa a cantar menos de cinco minutos depois de se levantar.

No início eu era o oposto dele. Queria que ele ficasse quieto para que eu pudesse pensar. Queria entender os meus problemas primeiro. Graças a Deus eu mudei.

No início do nosso casamento, eu ainda sofria as seqüelas de todos os abusos que sofrerá no passado. Como eu nunca havia conhecido nenhum tipo de estabilidade, nem fazia idéia do que fosse.

Talvez você tenha sido criado por pessoas emocionalmente instáveis. Se for o seu caso, como foi o meu, você precisa enten­der que essa vida emocional inconstante que até agora vem tendo não é a regra. Não é esse tipo de vida que Deus quer para você.

Deus quer que você chegue a um estado emocional de estabilidade. Você nunca será capaz de aproveitar a vida como deveria enquanto não se tornar estável.

Dave me diz que ele se lembra de como eu era antes de começar a me tornar emocionalmente estável.

Ele diz: "Ainda me lembro daquele tempo em que, quando eu estava no carro, voltando do trabalho à noite, pensava com meus botões: Como será que a Joyce vai estar hoje? "

Talvez você esteja na situação de Dave. Talvez esteja casado com alguém instável. Se for o caso, você sabe que tais pessoas são de difícil convivência. É muito difícil manter um relacionamento no qual as pessoas são tão instáveis que ninguém pode contar com elas ou mesmo saber como se comportarão no momento seguinte.

Não estou dizendo que nunca temos dias ruins. Não acho que todos podem ser como Dave. Mas ele continua sendo um exemplo para mim, e só pelo fato de viver e aprender com ele, já fiz uma longa jornada de progresso. Creio que agora sou estável 99% do tempo. Ainda sou um pouco mais temperamental do que ele; então, se fico com raiva, às vezes levo um pouco mais de tempo do que ele para me acalmar. Mas agora, me acalmo em dois ou três minutos, enquanto que, naquela época, levava de duas a três semanas! Por isso, agradeço a Deus pelo progresso que tive. Sei que, assim como eu mudei, todos podem mudar, pois o meu caso de instabilidade emocional era muito grave. Mas conti­nuei progredindo, até me tornar estável. E isso é o que Deus de­seja para cada um de nós: estabilidade. Ele não espera que nos tornemos perfeitos da noite para o dia, mas quer nos ajudar a sermos mais semelhantes a Ele dia após dia.

 

O Senhor É Uma Rocha

Eis a Rocha! [Deus] Suas obras são

perfeitas, porque todos os seus caminhos

são juíza; Deus é fidelidade, e não há

nele injustiça; é justo e reto.

Deuteronômio 32.4.

 

No Antigo Testamento, vemos que não foi da noite para o dia que Moisés se tornou o líder que Deus usou para tirar os israelitas do cativeiro. Iremos falar sobre ele mais à frente, a res­peito de sua posição de liderança. Nesse versículo, ele está falan­do aos israelitas sobre o Senhor. Está lhes dizendo o que apren­deu sobre como Deus realmente é.

Ele diz ao povo que Deus é uma Rocha; que Ele é imutável, constante (ou estável); que Ele é grande e firme; que Ele é fiel e justo; perfeito e reto em todos os seus atos.

Segundo o Jamieson, Fausset and Brown Commentary (Comentá­rio Bíblico de Jamieson, Fausset e Brown), a palavra "rocha", na Bíblia, indica expressão de poder e estabilidade. O emprego dela nesta passagem serve para enfatizar que Deus é fiel à sua aliança com seus antepassados e com eles [israelitas]. Nada do que ele prometeu havia deixado de se cumprir [...] a metáfora da 'rocha' como refúgio ou para representar a fidelidade e estabilidade divina do propósito ocorre mais de uma vez neste cântico [O capítulo 32 de Deuteronômio é co­nhecido com "O Cântico de Moisés"] e freqüentemente em outras partes das Escrituras".4

Deus é chamado de Racba nesse texto e em outros da Bíblia porque ele é sólido e estável. Ele nunca é movido pelas coisas que nos movem. Parece que a carne tem a tendência "natural" de ter altos e baixos emocionais; de ser movida pelas circuns­tâncias e sentimentos. Mas o Senhor não; Ele não é movido pelas circunstâncias. Para nos tornarmos líderes fortes, deve­mos seguir Seu exemplo.

 

A Rocha É o Nosso Exemplo

Porque o meu povo é gente falta de

conselhos, e neles não há entendimento.

Tomara fossem, eles sábios! Então,

entenderiam isto e atentariam para o seu fim.

Como poderia um só perseguir mil,

e dois fazerem fugir dez mil,

se a sua Rocha lhos não vendera,

e o Senhor lhos não entregara?

Porque a rocha deles não é como a nossa

Rocha; e os próprios inimigos o atestam.

Deuteronômio 32.28-31.

 

Quando leio este último versícu­lo fico animada. Vem-me a mente um comercial de televisão de uma companhia de seguros [dos EUA] no qual aparece a imagem de uma grande rocha e ouve-se uma voz ao fundo dizer: "Adquira este seguro e leve um pedaço da rocha".

Por mais que eu creia que fazermos um seguro é uma atitude sábia, posso afirmar que a rocha daquele comercial não é como a nossa Rocha. A rocha temporal que o mundo oferece não se com­para à Rocha Eterna.

Nossa Rocha é um lugar de refúgio. Ele (Deus, nossa Rocha) é estável, longânimo, fiel, seguro, sempre presente, sempre o mes­mo, sempre bom e amoroso, sempre terno e misericordioso. Nunca nos deixa nem se esquece de nós. E devemos ser moldados e transformados à Sua imagem.5 Ele é a nossa Rocha, mas deve ser também o nosso exemplo. Devemos ser como Ele é.

 

A Rocha da FÉ - Um Alicerce Sólido

Indo Jesus para os lados de Cesaréia de Filipe,

perguntou a seus discípulos:

Quem diz o povo ser o Filho do Homem?

E eles responderam: Uns dizem:

João Batista; outros: Elias; e outros:

Jeremias ou algum dos projetas.

Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?

Respondendo Simão Pedro, disse:

Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.

Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado

(feliz, afortunado, a ser invejado) és,

Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue

que to revelaram, mas meu Pai, que esta nos céus.

Também eu te digo que tu és Pedro [em grego,

Petros - um grande pedaço de rocha],

e sobre esta pedra [em grego, petra — uma enorme rocha,

como Gibraltar] edificarei a minha igreja,

e as portas do inferno (os poderes das regiões infernais)

não prevalecerão contra ela [nem serão mais

fortes do que ela, nem resistirão a ela].

Mateus 16.13-18.

 

Quando Pedro disse que Jesus era o Cristo, o Filho do Deus vivo, estava fazendo uma declaração de fé. Ao fazê-la, Pedro de­monstrava a sua fé.

Não creio que Pedro tenha feito essa afirmação de modo casual ou com indiferença. Creio que ele a fez com uma certeza que impressionou Jesus, porque Ele imediatamente voltou-se para Pedro e o chamou de "bem-aventurado". Depois continuou di­zendo que sobre aquela rocha, um alicerce sólido de fé, Ele iria edificar Sua igreja.

O que Jesus estava dizendo a Pedro era: "Se você preservar a sua fé, ela será como uma rocha em sua vida sobre a qual poderei edificar o meu reino em você. Seu potencial será desen­volvido a tal ponto que nem mesmo as portas do inferno preva­lecerão contra você".

Mas essa promessa não era somente para Pedro. O que Jesus disse a ele serve para todos nós, cristãos. O problema é que nem sempre temos fé. Às vezes cremos; outras, duvidamos.

 

De Fé em Fé

Eis a Rocha'. Suas obras são perfeitas,

porque todos os seus caminhos são juízo;

Deus é fidelidade, e não há nele injustiça; é justo e reto.

Isto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.

Romanos 1.17.

 

Há muito tenho o alvo de aprender a viver de fé em fé. Muitos anos atrás, o Senhor me revelou um círculo vicioso rela­tivo à minha fé: "Joyce, você passa da fé para a dúvida e, depois, para a descrença. Então, volta à fé, e, de novo, passa à dúvida e à descrença".

O problema com a igreja atualmente é que temos muita con­tradição e pouca estabilidade. A contradição torna-se evidente naquilo que dizemos, como vemos em Tiago 3.10: "De uma só boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não é convenien­te que essas coisas sejam assim".

Algum tempo atrás, Deus falou comigo sobre uma pessoa a quem eu estava ajudando espiritualmente e com quem eu passava um bom tempo. Essa pessoa tinha muitos problemas em sua vida. Ficava bem durante um tempo, e dizia coisas como: "Oh, louva­do seja Deus, creio que Ele vai me curar. Deus vai cuidar de mim. Ele vai suprir todas as minhas necessidades".

Ela permanecia assim durante um ou dois dias. Mas depois ficava desencorajada, deprimida, muito crítica e pessimista, e co­meçava a dizer coisas como: "Nada de bom vai acontecer comi­go. Todo mundo é abençoado, menos eu. Ninguém da minha fa­mília é crente, mas todos são mais abençoados do que eu". E assim por diante, nesse fluxo negativo.

Eu sempre orava com ela e a animava, mas alguns dias mais tarde ela caía novamente.

Ela era como muitos de nós às vezes somos: como um pneu furado. Podemos ser cheios novamente e rodar por algum tempo, mas logo notaremos que estamos vazios novamente.

Certa vez Deus falou claramente ao meu coração: "O que você está vendo nessa pessoa é exatamente o motivo pelo qual meu povo acaba esgotando sua energia por completo. Eles alter­nam o que é positivo com que é negativo. Durante um tempo se enchem do que é positivo, que é o meu poder. Mas depois come­çam a substituí-lo pelas emoções negativas, que ocupam o lugar do poder, e assim voltam à estaca zero".

Não sei quanto aos outros, mas eu não quero ficar sempre voltando à estaca zero. Não quero fazer declarações positivas durante dois ou três dias e declarações negativas durante os dois ou três dias seguintes, voltando, assim, à estaca zero novamente. Creio que esse é o motivo pelo qual, às vezes, as pessoas no corpo de Cristo ficam confusas. Elas pensam: "Não entendo.

Tento fazer tudo que é certo, mas parece que nada produz resultados positivos". A razão é que as suas declarações negativas anulam as suas ações positivas.

Não estou dizendo que nunca sinto emoções negativas e que nun­ca reclamo, mas quando percebo que isso começa a acontecer, paro imediatamente. Não me permito continuar assim por muito tempo como acontecia anteriormente. Nin­guém pode dizer que isso nunca lhe acontece. Mas precisamos nos tor­nar cada vez mais estáveis se qui­sermos que Deus confie a nós a liderança. Precisamos ser fidedignos, confiáveis, para que os outros saibam que podem confiar era nós e contar conosco, e para que Deus veja isso também.

 

A Estabilidade na Fé e na Confiança

Confiai nele, ó povo, em todo tempo;

derramai perante ele o vosso coração;

Deus é o nosso refúgio.

Salmo 62.8.

 

Não devemos ter fé e confiar em Deus somente de vez em quando ou ocasionalmente ou periodicamente, mas em todo o tempo. Devemos aprender a viver de fé em fé, confiando no Se­nhor quando as coisas estão bem e quando não estão.

E fácil confiar em Deus quando as coisas estão bem, mas quando se complicam e temos de tomar a decisão de confiar em Deus nas adversidades, é aí que aperfeiçoamos o nosso caráter. E quanto mais aperfeiçoado o caráter vai sendo, mais capacidade se produz em nós. Por isso é que digo que a estabilidade produz capacidade.

Quanto mais estáveis ficarmos, mais capacidade será pro­duzida, porque o potencial em nós agora possui caráter para sustentá-lo.

Muitos têm certos dons, mas não podem exercê-los, pois o seu caráter subdesenvolvido não comporta os dons que têm. Os dons são dados, mas o caráter é desenvolvido.

Sempre tive facilidade para me comunicar oralmente. Até na escola eu conseguia falar o suficiente para os professores acha­rem que eu sabia tudo sobre tudo o que estava sendo ensinado, quando na verdade não sabia praticamente nada.

Sempre fui uma boa comunicadora; sempre consegui con­vencer as pessoas. Mas, para Deus permitir que eu subisse num púlpito para pregar a milhões de pessoas todos os dias, só os meus dons não bastavam. Eu precisava também ter um caráter bem desenvolvido para que Deus pudesse confiar no que eu iria dizer.

Do contrário, Ele não me permitiria ensinar a tantas pessoas, pois talvez eu dissesse uma coisa num dia e outra no dia seguinte.

É disciplinando as nossas emo­ções, o nosso estado de espírito e a nossa boca que nos tornamos está­veis o suficiente para permanecer­mos em paz, não importando as si­tuações e circunstâncias, para que se­jamos capazes de andar no fruto do Espírito - não importa se o quere­mos ou não.

Quanto mais estáveis nos tor­namos, mais capacidade será produ­zida em nós e por meio de nós.

 

Em Todo o Tempo

Bendirei o Senhor em todo o tempo, o seu louvor estará sempre nos meus lábios.

Salmo 34.1.

 

Note que o salmista diz que bendirá o Senhor em todo o tempo.

Além de louvar ao Senhor, como dizem as Escrituras, há também vários outros textos na Bíblia que nos falam de algumas coisas que devemos fazer em todo o tempo, como resistir ao diabo todo o tempo,6 crer em Deus todo o tempo,7 amar ao próximo todo o tempo8, e não somente quando nos for conveni­ente ou quando tivermos vontade de fazê-lo.

Uma de minhas coisas preferidas quando termino uma con­ferência é ir para um restaurante, sentar-me e saborear uma deliciosa refeição. Trabalho muito, e essa é a forma pela qual consigo rela­xar. Certa vez, ligamos para um restaurante para fazer uma reser­va para quinze pessoas. Pelo que entendemos, eles tinham feito a nossa reserva. Porém, ao chegarmos, o lugar estava lotado, e, quan­do entramos, nos disseram: "Não fazemos reservas".

Senti a irritação tomando conta de mim e pensei: Ora, por que não nos disseram isso por telefone? Então disse a mim mesma: Joyce, você acabou de pregar numa conferência; seja gentil.

E impressionante como, certas vezes, quando falamos sobre algo em que cremos, Satanás se aproxima para nos testar.

Esperamos durante quarenta e cinco minutos até liberarem uma mesa. Eles nos deram uma mesa comprida e grande, e a garçonete anotou nosso pedido de bebidas. Logo voltou, trazen­do uma grande bandeja com todas as bebidas. Mas o local estava tão lotado que, quando ela tentava passar entre a parede e a nossa mesa, a ponta da bandeja bateu num canto e ela derrubou todas as bebidas em cima do meu marido.

Dave estava usando seu melhor terno e ficou totalmente ensopado de água, chá gelado e refrigerante. Naquele momen­to, poderíamos ter-nos levantado e explodido: "Qual o proble­ma com você? Não sabe fazer seu trabalho direito? Olhe o que fez com nossas roupas! Nunca mais vamos voltar aqui!" Dave, no entanto, foi muito gentil com a garçonete depois do inciden­te. Ele lhe disse: "Não se preocupe. Você não fez de propósito. Eu compreendo. Também já trabalhei num restaurante, e uma vez derrubei cerveja dentro do carro de um cliente. Ele estava usando um belo terno e estava passeando com a namorada. Sei como se sente. Fique tranqüila".

Então ele foi até o gerente e disse: "Não quero que ela tenha problemas por causa do que aconteceu. O lugar está totalmente lotado. Ela está fazendo um bom trabalho; está fazendo o melhor que pode. Não teve culpa nenhuma".

Dave fez tudo que pôde para ser gentil.

Logo a garçonete voltou com uma segunda bandeja de bebi­das, e percebemos que havia chorado. Ela nos disse: "Sinto-me péssima. Esta é minha primeira semana aqui, e é a primeira mesa grande a que atendo. Sinto-me muito mal por ter derramado as bebidas em vocês". Então ela se curvou um pouco por sobre a mesa e olhou bem para mim dizendo: "Acho que estou um pouco nervosa porque a senhora está aqui. Eu a vejo na televisão todos os dias".

No meu coração comecei a dizer: Oh, obrigada, Senhor; obrigada, obrigada, obrigada por não termos reagido mal a tudo isso!

Qual teria sido o impacto nela, qual a mensagem que teria chegado a ela sobre Deus, sobre líderes, sobre os tele-evangelistas se me ouvisse pregar na televisão todos os dias e depois visse Dave e eu explodirmos e termos um acesso de raiva por causa das bebidas derramadas nele?

Tive vontade de ter um acesso de raiva? Sim. A Bíblia não diz que o pecado morre. O que ela diz é que, já que Cristo morreu por nossos pecados, devemos nos considerar mortos para o pe­cado.9 Se formos esperar o pecado morrer, podemos "esperar sentados": não vai acontecer. Quando digo "esperar o pecado morrer", quero dizer esperar não sermos tentados pelo pecado. A Bíblia diz que sempre seremos tentados, mas Jesus ensinou os seus discípulos a orar para que não caíssem em tentação quando ela surgisse.10

A carne não morre; nós é que temos de fazê-la morrer, como lemos em Colossenses 3.5: Fazei, pois, morrer (fazer perecer, anular o poder) a vossa natureza terrena [os impulsos animais e todas as coisas mun­danas que alimentam o pecado]... É não cedendo ao pecado que faze­mos com que ele morra.

Quando pecamos, não perdemos o potencial que já desen­volvemos, mas retardamos o progresso; tanto o nosso como o daqueles ao nosso redor.

Na situação do restaurante, que confusão teria sido se tivés­semos dado lugar à carne em vez de permanecermos estáveis... Os outros teriam dito: "Se os cristãos são assim, não quero ter nenhum envolvimento com o cristianismo. Se é assim que eles agem, não quero fazer parte disso. Já tenho problemas demais. Se for para agir assim, prefiro continuar sendo um não cristão".

Por isso é que Deus desenvolve nosso caráter antes de nos permitir envolver-nos com as pessoas, pois, se não tivermos esta­bilidade, iremos passar-lhes uma péssima impressão sobre Deus, e não o contrário.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo 5

 

As Condições Negativas do Coração

- Parte 1

 

Não seja o adorno da esposa o que é [meramente] exterior,

como frisado [elaborado] de cabelos, adereços de ouro,

aparato de vestuário; seja, porém, o homem interior

do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito

manso e tranqüilo, que é [que não é ansioso, mas]

de grande valor diante de Deus.

1 Pedro 3.3-4.

 

Uma das coisas mais importantes para Deus é o coração do líder, o que a Bíblia chama de o homem interior} Quando olha­mos uns para os outros, o que vemos não corresponde necessaria­mente ao modo como as coisas realmente são. Podemos falar e agir como se tudo estivesse maravilhoso, mas por dentro talvez estejamos feridos, e tudo em nossa vida pode estar destruído, e nós, infelizes.

Creio que Deus está mais preocupado com nosso coração do que com o que aparentamos ser, pois se nosso coração for reto, nossa aparência exterior acabará representando corretamen­te a nossa realidade interior. Mas se fizermos coisas certas, porém com um mau coração, o que fizermos não terá valor para Deus.

Uma das coisas que mais mudaram minha vida como líder no Corpo de Cristo foi quando Deus me ensinou sobre a vida interior, o homem interior. O que se passa dentro de nós? Que tipo de coração temos? Como realmente somos por dentro? Como é a nossa mentalidade? Que tipo de atitude temos? O que se passa conosco nos bastidores? Se quisermos ser bons líde­res, temos de avaliar com mais profundidade aquelas coi­sas que ninguém mais, além de nós mesmos e Deus, sabe sobre nós mesmos.

Muitos anos atrás, Deus começou a tratar comigo em rela­ção à importância da vida interior. Leva algum tempo para enten­dermos essa importância, pois damos muito valor às aparências. Passamos a vida tentando nos equiparar aos outros na aparência externa, esquecendo-nos de que há todo um outro lado em nós que não pode ser visto, mas trata-se de um lado que Deus vê e com o qual está em contato direto. Enquanto o mundo está ocu­pado tentando conquistar "o espaço sideral", devemos lutar para conquistar o "espaço interior".

Quando Deus começou a tratar comigo em relação a esse assunto, comecei a estudá-lo. Naquela época, publiquei uma série de estudos sobre ele. Foi um tanto frustrante para mim, pois as vendas da série foram baixas. As pessoas compravam avidamente as fitas sobre cura, prosperidade e sucesso, mas não sobre maturidade, humildade e obediência.

Certa vez, produzi uma série de fitas sobre obediência, mas tive de lhe dar um título que aparentemente não tinha a ver com o assunto: "Como ser total e grandemente abençoado". As vendas dessa série foram ótimas, pois as pessoas querem, sobretudo, ser abençoadas. Mas se eu a tivesse chamado de "Como ser total e grandemente obediente," poucos teriam comprado as fitas. A ver­dade, porém, é que se quisermos ser total e grandemente abenço­ados, temos de ser total e grandemente obedientes.

Na verdade, queremos obter bons resultados, mas não que­remos fazer o que é preciso para alcançá-los. Por isso, muitos passam a vida inteira andando em círculos em torno da mesma montanha e nunca chegam a lugar algum.

Em 1 Pedro 3, o apóstolo Pedro usa o exemplo das jóias, roupas e maquiagem, mas a questão central não é realmente essa. Ali, a mensagem principal é no sentido de que não devemos nos preocupar tanto com o modo como os outros nos vêem, mas com o que há realmente em nosso interior. Devemos aprender a dar mais importância à nossa vida interior em vez de nos preocu­parmos somente com a aparência superficial e exterior.

Em Lucas 5, lemos que Pedro e seus companheiros estiveram pescando toda a noite, mas não apanharam nada. Então voltaram com os barcos e começaram a limpar as redes para guardá-las. Jesus vinha andando pela areia e, quando os viu, aproximou-se e disse: Vão para onde as águas são mais fundas [...] lancem as redes para a pesca (v. 4, NVT). Muitas pessoas na igreja estão "pescando" mas não "pe­gam" nada, por assim dizer, porque não lançam a "rede" em águas profundas. Como resultado, não estão satisfeitas com a vida por­que não a vivem com a profundidade com que deveriam.

 

Viva uma Vida Reta

O texto de Lucas 5 é uma das passagens bíblicas que Deus usou para começar a realmente mudar minha vida. Ele me fez entender que não está nem um pouco preocupado com as coi­sas externas, como títulos importantes ou com a quantidade de convites que recebemos para pregar seja onde for. O que Ele quer são líderes que tenham um coração reto. Ele quer que este­jamos no ministério porque desejamos ajudar outros, e não porque queremos ficar famosos. Os líderes não são chamados para ser famosos, mas para enfrentar o trabalho árduo, o serviço, o sa­crifício, etc. Veja como se soletra corretamente a palavra "mi­nistério": T-R-A-B-A-L-H-O.

Sim, há grandes benefícios que fazem parte desse nosso ofí­cio, como Paulo fala na carta à igreja de Corinto.2 Mas todas as nossas obras precisam passar pelo fogo,3 porque não importa o que fazemos, mas por que o fazemos.

Quando deixarmos esta terra e passarmos diante dos olhos de fogo de Jesus, creio que todas as obras serão julgadas em rela­ção à pureza delas; isto é, o que será examinado é se a nossa mo­tivação estava correta ou não. Portanto, devemos deixar que o Espírito Santo examine nosso coração, revele-nos qualquer atitu­de errada em nós e a arranque pela raiz, para que possamos ser transformados.4

Mas transformados para quê? Ora, para vivermos correta­mente, podendo bendizer ao Senhor e agradar-lhe. Se não viver­mos assim, tudo o mais que fizermos será puro desperdício.

Quando nos recusamos a permitir que Deus corrija nossas falhas, abrimos as portas para o inimigo. É por meio das nossas falhas que Satanás entra em nossa vida. Deus, porém, não quer que Satanás tenha parte alguma em nossa vida, e para isso Ele precisa de nossa cooperação. Quando Jesus disse, em João 14.30, que Sata­nás não tinha parte com Ele, quis dizer que Satanás não tinha a chance de entrar em Sua vida por meio de falhas não corrigidas. Afinal, Jesus sempre obedeceu ao Pai de modo imediato e integral.

Encontramos um bom exemplo relacionado a esse assunto em Efésios 4.26-27. Ali, somos instruídos a não deixar o sol se pôr sobre nossa ira; se permitirmos que isso aconteça, daremos lugar ao diabo. Aqueles que vivem pelas emoções irão permanecer com raiva até sentirem vontade de superá-la. Porém, aqueles que vivem pela Palavra de Deus irão se recusar a permanecer com raiva simplesmente porque Deus, em sua Palavra, lhes falou para agir assim. Não é muito difícil observar por que uns têm vitória constante na vida, enquanto outros têm pouca ou nenhuma.

 

Um Espírito Manso e Tranqüilo

Pedro disse que Deus quer que tenhamos um espírito man­so e tranqüilo, e não um espírito tenso e ansioso (cf. 1 Pedro 3.4). Isso significa que Ele não quer que fiquemos chateados o tempo todo. Ele quer que tenhamos uma paz interior constante; que an­demos sempre em paz. Conseguir viver assim no mundo de hoje é um trabalho árduo. Mas é possível fazê-lo quando temos um coração em sintonia com Deus; quando Lhe pedimos que colo­que Seu coração e Seu Espírito em nós, para que sintamos o que Ele sente, queiramos o que Ele quer e odiemos o que Ele odeia. Ele odeia o pecado, mas ama a pessoa que o comete.

Em Atos 13.22, lemos que Davi era um homem segundo o coração de Deus. Sabemos que Davi cometeu alguns erros muito graves.5 Ele pecou, mas arrependeu-se e se reconciliou com Deus. Sofreu as conseqüências dos seus pecados, mas continuou a ter um coração em harmonia com Deus.

Particularmente, não desejo ser conhecida como uma prega-dora famosa, mas como alguém que anda em amor e que tem o coração em harmonia com Deus.

Na verdade, é somente isso que todos precisamos ter. É im­prescindível que a condição do coração do líder seja correta, por­que o líder ministra com o coração. E o coração é o centro da pessoa, do espírito, da mente e do homem interior.

Não temos de ser ministros perfeitos, mas não podemos dar a outros aquilo que não temos.

Como poderemos ministrar vitória a outros se não tivermos nenhuma vitória em nossa vida? Como poderemos ministrar paz se não tivermos paz interior? Nem sempre nossas circunstâncias serão de paz, mas com a ajuda de Deus podemos aprender a ter paz enquanto passamos por elas.

 

Paz Durante a Tempestade

Em Marcos 4.35-41, lemos que uma tempestade surgiu quan­do Jesus e seus discípulos estavam num barco, cruzando o Mar da Galiléia. Os discípulos ficaram totalmente perturbados, mas Je­sus serenamente repreendeu a tempestade, falando tranqüilamente, e a acalmou.

Sabem por que ele foi capaz de acalmar a tempestade? Por­que ele não permitiu que a tempestade acontecesse tam­bém em seu interior. Os discípulos não poderiam acalmar a tem­pestade porque estavam tão agitados interiormente quanto ela o estava exteriormente. Lembre-se: você não pode dar o que não tem. Jesus lhes deu paz porque ele tinha paz para lhes dar. Ele tinha um coração pacificado dentro de Si.

Sinceramente, quero ser alguém que tenha efeito tranqüiliza­dor sobre as pessoas que me cercam. Quero ser alguém que entre numa sala cheia de discórdia e, poucos minutos depois, a conten­da venha a cessar.

Quando Jesus andou pela Terra, havia algo que fluía dEle: a unção ou a virtude de Deus, que é o Seu poder. Algo emanava dEle constantemente e trazia cura, esperança e salvação para a vida das pessoas. Não era somente algo que Deus já colocara nEle, mas algo que também estava relacionado aos fundamentos sobre os quais Ele vivia Sua vida.

Claro que Ele era ungido, mas essa unção não seria liberada se Ele não vivesse uma vida reta. Justamente por isso é que Ele nunca deixava o diabo atormentá-Lo. Ele mantinha seu coração tranqüilo, calmo e amoroso. E, como vimos anteriormente, nos­so maior alvo é ser semelhantes a Ele.

 

Guarde Seu Coração

Em Provérbios 4.23, lemos: Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida. Essa afirmação serve para todos os crentes, mas para alguém que quer ser líder, ela é crucial. Devemos manter nosso coração tranqüilo diligente­mente. Filipenses 4.6-7 nos instrui sobre como fazer isso: Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração epela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus.

Isso significa que devemos guardar nosso coração como um soldado guarda uma cidade para que não entrem invasores. Isso é muito importante, pois há muitas coisas em nosso coração que não deveriam estar lá. Se permitirmos que Deus opere em nós nessa área, Ele começará a nos revelar essas coisas e a arrancá-las pela raiz, para que possamos manter um coração pacificado.

 

As Condições do Coração

Era Amazias da idade de vinte e cinco anos quando começou

a reinar e reinou vinte e nove anos em Jerusalém; sua mãe

se chamava Jeoadã, de Jerusalém. Fez ele o que era reto

perante o Senhor; não, porém, com inteireza de coração.

2 Crônicas 25.1-2.

 

Quando Deus fala conosco sobre o nosso coração ou o pede a nós, na verdade Ele está pedindo nossa vida por completo: a personalidade, o caráter, o corpo, a mente e as emoções. A verda­deira pessoa é, na realidade, o coração dela, e não a imagem exte­rior que todos vêem. E a igreja e o mundo estão precisando de pessoas reais.

Muitos ficam imaginando por que algumas coisas não têm dado certo. A razão é que estão preocupadas demais com a vida exterior (aparências), e nem um pouquinho com a vida interior. Nesta seção do livro, iremos ver algumas coisas concernentes à vida interior, às condições do coração.

Na verdade, o coração pode se encontrar sob muitos tipos de condição. Algumas são positivas; outras, negativas. Claro que muitas pessoas realmente têm um coração reto. Amam a Deus de todo o coração e realmente querem fazer o que é correto em cada situação. Mas outras têm um coração falso. Podem até fazer o que é certo, mas sua motivação está errada.

Em 2 Crônicas 25.1-2, lemos sobre um rei que tinha uma condição negativa no coração. Nesse texto, o rei Amazias fez tudo corretamente, mas seu coração não era reto. Por isso, Deus não ficou satisfeito com ele. Isso é assustador. Podemos fazer o que é certo, mas, ainda assim, podemos não ser aceitos por Deus por causa da condição errada de nosso coração. Vamos refletir um pouco sobre o ato de dar, por exemplo.

Em 2 Coríntios 9.7, lemos que Deus ama quem dá com alegria; aquele que não dá por impulso ou com uma atitude errada, mas com o coração desejoso de fazê-lo. Ele quer que demos com alegria. Na verdade, a Bíblia diz que Deus ama tanto a quem dá com alegria que não quer de forma alguma que falte esse tipo de pessoa.

Alguém já disse que, embora Deus queira que demos com um coração alegre e generoso, Ele usará nossas ofertas até mes­mo se formos mesquinhos e egoístas. Ele pode aceitar nosso di­nheiro e usá-lo em prol do seu reino, mas não é essa a atitude que deseja de nós quando damos.

Há um coração físico e um espiritual, e os dois têm uma correspondência entre si. Fisicamente, o coração é o órgão mais importante do corpo. Espiritualmente, creio que o coração é o as­pecto mais importante do nosso corpo espiritual. E é a coisa mais importante que o crente ou o líder pode dar a Deus. Por isso a condi­ção do coração é tão importante.

A atitude do coração é o ponto central da vida do líder, e deve ser também o ponto mais importante da vida de todo crente. Não é a falta de capacidade ou potencial que impe­de a maioria das pessoas de progre­dir ou de encontrar a realização na vida; creio que são as atitudes erra­das do coração. Por isso é que va­mos analisá-las em primeiro lugar.

 

AS ATITUDES ERRADAS DO CORAÇÃO.

1. Um coração perverso

Viu o Senhor que a maldade do homem

se havia multiplicado na terra

e que era continuamente mau todo desígnio

do seu coração; então, se arrependeu o Senhor de ter feito

o homem na terra, e isso lhe pesou no coração.

Disse o Senhor: Farei desaparecer da face da terra

o homem que criei, o homem e o animal, os répteis

e as aves dos céus; porque me arrependo de os haver feito.

Porém, Noé achou graça (favor) diante do Senhor.

Gênesis 6.5-8.

 

Nessa passagem, há três coisas concernentes ao homem que desagradaram a Deus: perversidade, imaginação maligna e pensa­mentos malignos. Como essas eram as características predomi­nantes da condição do coração do homem na terra naquela épo­ca, Deus decidiu destruir a humanidade. Mas Noé achou favor e graça diante de Deus.

Noé certamente era um homem de coração correto, pois, do contrário, ele também teria sido destruído juntamente com todos os seus contemporâneos.

Creio que a lição que podemos aprender com essa história é que muitas pessoas atualmente estão sendo destruídas unicamen­te porque têm um coração falso. Não estão sendo cuidadosas com o que fazem com sua imaginação.

É incrível a quantidade de áreas de nossa vida que poderiam ser corrigidas se acertássemos nosso coração com Deus. Talvez nosso coração não esteja cheio de pensamentos perversos, nem tenhamos imaginação perversa, etc, como as pessoas dos dias de Noé, mas uma atitude perversa ou um pensamento errado tam­bém pode ser considerado imaginação perversa ou pensamento perverso. Por isso devemos ter a atitude correta, pois a atitude é praticamente tudo. Se tivermos uma atitude negativa e muitos pensamentos pervertidos, não chegaremos a lugar nenhum na vida.

Mais adiante vamos estudar este assunto em maior profun­didade, mas precisamos ter um coração bondoso. Temos de ouvir e atender à voz da consciência para que, assim que percebermos que temos uma atitude errada em relação a algo ou alguém, tome­mos providências para corrigi-la. É por isso que temos de guar­dar o coração, porque dele procedem as fontes da vida.

Na maioria das vezes não guardamos bem nosso coração. Deixamos entrar muito lixo e coisas absurdas nele. Precisamos nos lembrar da regra do computador: Se recebemos lixo, man­damos para a lixeira. Precisamos entender que não se produzirá glória nenhuma em nós se ficarmos armazenando lixo. Devemos ser cuidadosos não somente com nossas ações, mas também com nossa imaginação, nossa intenção, nossa motivação e nossa atitu­de. Se não formos cuidadosos com essas coisas, o nosso coração pode acabar se tornando perverso.

 

2.  Um coração endurecido

Assim, pois, como diz o Espírito Santo:

Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais

o vosso coração como foi na provocação [de Israel],

no dia da tentação no deserto.

Hebreus 3.7-8.

 

Como vemos nessa passagem relativa aos israelitas no deser­to, um coração duro causa rebelião. Dificilmente uma pessoa de coração duro crera em Deus. Isso faz com que ela se enquadre na próxima condição do coração que iremos analisar.

 

3.  Um perverso coração de incredulidade

Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver

em qualquer de vós perverso coração

de incredulidade [que se recuse a buscá-lo, confiar

e acreditar nele] que vos afaste do Deus vivo.

Hebreus 3.12.

 

No capítulo 12 de Hebreus, versículos 7, 8 e 12, observamos duas condições negativas do coração: um coração duro e um co­ração perverso, incrédulo. Essa segunda condição é um grande problema, pois tudo o que recebemos vem de Deus porque cremos que ele o dará a nós. Para recebermos algo dele, devemos nos achegar a ele com uma fé simples como a de uma criança e "crer somente".6

Afirmamos que somos crentes, mas a verdade é que há mui­tos "crentes descrentes".

Quero compartilhar algo pessoal. Essa é uma área na qual eu enfrentava muita dificuldade. Havia coisas em que eu cria facil­mente. Mas havia outras em que eu simplesmente não conseguia crer, e não conseguia entender qual era o problema comigo. De­pois de vários anos, Deus começou a me revelar a razão do meu problema de descrença. Isso acontecia porque eu tinha um cora­ção duro, uma das conseqüências dos abusos que eu havia sofrido na infância.

As pessoas que sofrem abusos geralmente desenvolvem, de propósito, uma dureza interior, que funciona como mecanismo de defesa. É a única forma de suportar o sofrimento pelo qual estão passando. Chegam a um ponto em que nada mais as sensi­biliza. Foram tão magoadas que acabaram desenvolvendo uma atitude tão negativa que não se importam com mais nada que os outros lhes façam.

Eu era assim. Quando Deus tentou me tocar e me fazer crer e confiar nEle, tive muita dificuldade, porque meu coração estava muito endurecido. Eu já estava acostumada a não confiar em nin­guém havia anos — e agora Deus me pedia que eu confiasse nEle.

No que diz respeito à fé, precisamos chegar ao ponto de crer com facilidade; de não sermos tardios em crer, mas prontos a crer.

Em dado momento de sua vida, Moisés foi tardio para crer.7 Há muitas coisas maravilhosas que podemos falar sobre Moisés. Não estou, de forma alguma, tentando desmerecê-lo. Ele foi um líder extraordinário. Não sei como conseguiu liderar aqueles mi­lhões de pessoas durante quarenta anos no deserto. Eu teria de­sistido delas depois da primeira volta em torno da montanha. Mas, como vimos, depois de um certo tempo Moisés provocou um problema com Deus, de tal forma que Deus o proibiu de entrar com os israelitas na Terra Prometida.

Moisés chegou a um ponto em que, de coração, foi tardio em crer. Estava cansado e desgastado. E quando estamos cansa­dos, é mais difícil crer em Deus. Por isso é que devemos estar sempre vigilantes espiritualmente se quisermos ser prontos a crer e andar em fé dia após dia. Devemos procurar sempre caminhar de fé em fé, sem dar lugar à dúvida e à incredulidade.8

Muitas vezes, os sonhos e as visões que Deus deseja revelar para nós nunca acontecem porque, assim que ele começa a mos­trá-los para nós, começamos a dizer: "Ah, duvido"! Todavia, em Hebreus 3.12, Deus chama tal tipo de fé de perverso coração de incre­dulidade, e ele quer tirar isso de nós. Ele deseja que sejamos cheios de uma fé simples, como a das crianças.

Muitos anos atrás, quando comecei meu relacionamento com Deus, havia na igreja uma grande ênfase na cura e na manifesta­ção dos dons do Espírito, principalmente de palavras proféticas individuais. Parecia que todos saíam profetizando para todos, dizendo: "Assim diz o Senhor:...". Parecia-me que nem sempre era algo vindo de Deus, mas que as pessoas estavam tentando forçar os acontecimentos, portanto nada iria acontecer. Por fim, fiquei tão fria por causa do que me aconteceu que desenvolvi um coração perverso de incredulidade. Isso me causou dificul­dades quando Deus estava pronto para começar a me usar para ministrar a cura e exercer os dons do Espírito. Eu via as pessoas sendo curadas nos cultos que dirigia, mas na verdade eu mesma tinha muita dificuldade em crer. Eu pensava comigo mesma: Será que realmente foram curadas?

Desde aquela época, já percorri um longo caminho. Eu não queria ter um coração perverso de incredulidade, por isso orei a esse respeito durante muito tempo, até finalmente desenvolver um coração aberto a crer.

Uma das razões pelas quais tinha tanta dificuldade em crer, até mesmo depois de me tornar pastora, era que durante toda a vida eu havia aprendido a desconfiar. Disseram-me inúmeras ve­zes: "Não acredite em ninguém. Todos querem lhe fazer mal. Se alguém lhe der alguma coisa, é porque quer algo em troca". Quan­do ficam martelando algo assim em nossa mente durante os anos de formação, não conseguimos nos livrar de tudo isso da noite para o dia.

Quem tem o coração endurecido geralmente tem dificulda­de de ser misericordioso para com quem comete um erro. Quem tem um coração duro tende a ser exigente e legalista por ter sido magoado e ferido emocionalmente no passado.

Lembre-se de que Jesus quer restaurar sua alma.9 Parte de nossa alma são nossas emoções. Eu o encorajo a deixar Jesus en­trar nas áreas de sua vida que ninguém mais pode alcançar, exceto Ele próprio. Eu finalmente fiz isso, e, embora tenha sido difícil, valeu muito a pena.

Uma coisa é certa: nunca alcançaremos a condição que dese­jamos se nos recusarmos a admitir a condição em que estamos. A falsidade, o fingimento e a aparência de que temos algo que não temos não nos ajudará em nada. Somente a verdade nos liberta.10 Se você tem um problema nessa área, arrependa-se e peça a Deus que o liberte disso. Peça-lhe que o transforme em alguém segun­do o coração dEle; uma pessoa cujo coração tenha a mesma natu­reza do coração dEle.

 

4. Um coração enganado

Guardai-vos não suceda que o vosso [mente e]

coração se engane, e vos desvieis, e sirvais a outros deuses,

e vos prostreis perante eles; que a ira do Senhor

se acenda contra vós outros, e feche ele os céus,

e não haja chuva, e a terra não dê a sua messe, e cedo sejais eliminados da boa terra que o Senhor vos dá.

Deuteronômio 11.16-17.

 

Há muitas coisas que podem representar "deuses" para nós. Até mesmo um ministério pode se tornar um deus. Ter um minis­tério e vê-lo crescer pode vir a ser mais importante do que o pró­prio Deus. Porém, não podemos nos esquecer jamais de que é o Senhor quem coloca a visão do ministério em nosso coração. É Ele que nos chama e nos dá o desejo de fazer a Sua obra. Nós precisamos sempre dar-Lhe o primeiro lugar, o lugar mais impor­tante em nossa vida. Se valorizarmos aquilo com que ele nos aben­çoou mais do que a Ele próprio, O estaremos ofendendo.

Na passagem que vimos, Deus está nos dizendo que se não tivermos um coração reto perante Ele, não seremos abençoados. Não é simplesmente uma questão de expulsar demônios. Às vezes achamos que tudo na vida daria certo se o diabo não nos perturbas­se mais. Mas não é assim. Esse entendimento está invertido. Se vivermos corretamente, então o diabo não nos incomodará. Ele poderá tentar nos importunar de todas as formas, mas não terá poder nenhum sobre nós, assim como não teve sobre Jesus.

 

Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração

e na vossa alma; atai-as por sinal na vossa mão,

para que estejam por frontal entre os olhos.

Ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentados

em vossa casa, e andando pelo caminho, e deitando-vos,

e levantando-vos. Escrevei-as nos umbrais de vossa casa

e nas vossas portas, para que se multipliquem os vossos dias

e os dias de vossos filhos na terra que o Senhor,

sob juramento, prometeu dar a vossos pais, e sejam

tão numerosos como os dias do céu acima da terra.

Deuteronômio 11.18-21.

 

Você consegue perceber o que essas pessoas deveriam fa­zer? Deveriam escrever partes das Escrituras nas portas de suas casas, nos portões, na testa, nas mãos e nos braços. Deveriam conversar a respeito desses textos o dia todo, aonde quer que fossem; quer estivessem sentados, deitados ou andando. E por que deveriam fazer isso? Porque Deus sabia que somente conhe­cendo a Palavra as pessoas evitariam que o coração fosse engana­do. Jesus fala disso em João 8.31-31: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.

Se não dermos atenção prioritária à Palavra de Deus para podermos permanecer nela, teremos sérios problemas nestes úl­timos dias. A plumagem exterior não bastará para alcançarmos a vitória. Temos de levar muito a sério o aprendizado da Palavra. Quando conhecemos a Palavra, Deus nos protege e nos guarda. Do contrário, seremos tragados pelo engano.

Não tenha dúvida: devemos todos orar para não sermos en­ganados e buscar saber em quais áreas corremos o risco de ser enganados. Somos enganados quando acreditamos numa menti­ra. Satanás mente continuamente para nós. Se não tivermos um conhecimento profundo da Palavra de Deus, não conseguiremos sequer reconhecer a mentira.

Algumas pessoas caem no auto-engano quando raciocinam de modo contrário à Palavra.n Houve épocas em minha vida, antes de entregar-me à vontade de Deus como agora, em que Ele colocava em meu coração a idéia de dar algo que eu queria guardar comigo. Aprendi com os erros que é muito fácil enganar-me quando Deus pede algo de que não quero abrir mão. Damos todos os tipos de desculpas, inclusive fingir que não deve ter sido Deus que falou conosco, mas provavelmente o diabo, tentando nos entristecer ao pedir coisas que são preciosas para nós. Podemos, de súbito, ficar "espiritualmente surdos" à voz de Deus quando Ele diz algo que não queremos ouvir. Porém, tanto os líderes como todos os que pretendem ser vitoriosos na vida não podem ter um coração en­ganado. Devemos aprender a viver aberta e honestamente, sem­pre andando na luz da verdade de Deus.

 

5. Um coração orgulhoso

Ao que às ocultas calunia o próximo, a esse destruirei;

o que tem olhar altivo e coração soberbo, não o suportarei.

Salmo 101.5.

 

Deus já teve de discipliná-lo por causa do orgulho? Muitos anos atrás, quando Deus chamou minha atenção para um livro sobre humildade, de Andrew Murray,12 eu tive muita dificuldade de lê-lo porque meu coração era orgulhoso. Embora eu tivesse um chamado de Deus em minha vida, o dom da comunicação e um grande potencial, eu era também orgulhosa.

Muitos têm um potencial imenso, mas não conseguirão de­senvolvê-lo se não submeterem o coração a Deus. Lembre-se: nosso potencial indica possibilidades em nós, e não a garantia de que elas se tornarão realidade.

Depois que Deus começa a nos usar, ele deseja que continue­mos crescendo. Para isso, Ele precisa continuar nos transforman­do. Então Ele começa a nos mostrar cada atitude que precisa de­saparecer e cada condição do coração que precisa mudar.

Certa vez produzi uma série de estudos intitulada "Orgulho e humildade". Ninguém comprou as fitas, pois aqueles que mais precisavam delas eram orgulhosos demais para comprá-las. Ti­nham medo de alguém vê-los e descobrir que tinham problemas com o orgulho.

Como saber se você tem problemas nessa área? Examine-se. Se tiver uma opinião definitiva sobre tudo, tem um problema com o orgulho. Se julga os outros, tem um problema com o orgulho.

Se não consegue ser correto, tem um problema com o orgulho. Se se rebela contra a autoridade, se quer receber todo o mérito e a honra para si; se diz "eu" o tempo todo, então você tem um pro­blema com o orgulho.

É difícil deixar Deus nos libertar de todas essas coisas de nós, mas é vital para um pastor ou líder. É curioso, mas a maioria das pessoas que realmente são capacitadas para a liderança tra­zem na bagagem um grande espírito de orgulho. Simplesmente crêem que estão corretas. É verdade que para fazermos algo real­mente importante precisamos ter esse tipo de convicção, mas tam­bém é necessário termos humildade para perceber que nem sem­pre temos razão com relação a tudo e devemos estar dispostos a ser corrigidos. Se não tivermos um certo grau de humildade, cer­tamente teremos problemas. Essa questão é bem ilustrada na vida do rei Ezequias, no Antigo Testamento.

 

Mantenha o Orgulho sob Controle

Assim, livrou o Senhor a Ezequias e os moradores de Jerusalém

das mãos de Senaqueribe, rei da Assíria, e das mãos

de todos os inimigos; e lhes deu paz por todos os lados.

Muitos traziam presentes a Jerusalém ao Senhor

e coisas preciosíssimas a Ezequias, rei de Judá, de modo que,

depois disto, foi enaltecido à vista de todas as nações.

2 Crônicas 32.22-23.

 

Em resposta às orações do rei Ezequias e do profeta Isaías, o Senhor interveio e salvou Ezequias e Judá de seus inimigos. Como resultado, Ezequias começou a ser exaltado pelo povo. Deus não é contra isso. Se você se tornar um líder, as pessoas irão admirá-lo e honrá-lo. Talvez queiram fazer coisas que lhe agradem. Isso não é de todo mau, mas é perigoso. Como vemos nessa passagem, a admiração dos outros por um líder, ou a maneira como o líder a recebe, se não for mantida sob controle, pode facilmente levar ao orgulho, como aconteceu com Ezequias:

 

Naqueles dias, adoeceu Ezequias mortalmente;

então, orou ao Senhor que lhe falou e lhe deu um sinal.

Mas não correspondeu Ezequias aos benefícios [do Senhor]

que lhe foram feitos; pois o seu coração se exaltou

[com tal resposta espetacular à sua oração].

Pelo que houve ira contra ele e contra Judã e Jerusalém.

Ezequias, porém, se humilhou por se ter exaltado o seu coração,

ele e os habitantes de Jerusalém; e a ira do Senhor não veio

contra eles nos dias de Ezequias.

2 Crônicas 32.24-26.

 

Ezequias desenvolveu um coração orgulhoso e, por causa do seu orgulho, ficou doente e quase morreu. Mas se humilhou, se arrependeu e acertou as coisas. Vejamos os resultados:

 

Teve Ezequias riquezas e glória em grande abundância;

proveu-se de tesourarias para prata, ouro, pedras preciosas,

especiarias, escudos e toda sorte de objetos desejáveis;

Edificou também cidades e possuiu ovelhas e vacas

em abundância; porque Deus lhe tinha dado mui numerosas

possessões. Também o mesmo Ezequias tapou o manancial superior

das águas de Giom e as canalizou para o ocidente

da Cidade de Davi. Ezequias prosperou em toda a sua obra.

Contudo, quando os embaixadores dos príncipes da Babilônia

lhe foram enviados para se informarem do prodígio

que se dera naquela terra, Deus o desamparou, para prová-lo

e fazê-lo conhecer tudo o que lhe estava no coração.

2 Crônicas 32.27, 29-31.

 

É interessante notar que quando Ezequias se voltou para Deus o Senhor começou a honrá-lo, a promovê-lo e a abençoá-lo. Isso é exatamente o que acontece com qualquer um que se com­promete de coração com o Senhor. Mais cedo ou mais tarde, seu ministério começa a crescer, e ele começa a ter sucesso. Os outros começam a admirá-lo. Mas, se ele se tornar orgulhoso, há duas coisas das quais uma precisa acontecer.

Deus precisar disciplinar essa pessoa por causa do orgu­lho. Assim como Ezequias, ou a pessoa arrepende-se rapida­mente e volta à condição de humildade, e Deus pode continuar abençoando-a grandemente, ou então se recusa a se humilhar e começa a perder a bênção de Deus, e, por fim, perderá tam­bém seu lugar de honra.

Essa é uma questão-chave. Não há pessoa que esteja fa­zendo algo importante para o Senhor que não seja atacada e tentada por um espírito de orgulho. Por isso é que, embora a pessoa possa alcançar um coração reto, não conseguirá mantê-lo reto o tempo todo. Isso requer bastante esforço. Temos de ficar constantemente atentos. E uma das coisas mais poderosas da qual precisamos nos precaver é o espírito de justiça própria que está enraizado no orgulho.

Temos de entender que nosso inimigo, Satanás, vai usar cada oportunidade que tiver para nos fazer cair numa área em que nosso oração esteja instável. Quando isso acontece, precisamos nos arrepender imediatamente.

Se quisermos estar diante de Deus um dia e dizer como Jesus, em João 17.4, Eu te glorifiquei na terra, consumando a obre que me confiaste para fazer, então precisamos ter o cuidado de manter o coração reto. O Salmo 101.5 nos diz que Deus não pode e não vai tolerar ninguém que te­nha aparência arrogante e coração orgulhoso.

 

6. Um coração soberbo

O homem, pois, que se houver soberbamente,

não dando ouvidos ao sacerdote, que está ali para servir

ao Senhor, teu Deus, nem ao juiz, esse morrerá;

e eliminarás o mal de Israel, para que todo o povo o ouça,

tema [reverentemente] e jamais se ensoberbeça.

Deuteronômio 17.12-13.

 

No Antigo Testamento, Deus tratava seu povo de forma diferente da atual. Fico muito feliz por viver na dispensação da graça. Mas, se analisarmos como Deus lidava com o pecado na Antiga Aliança, veremos como a questão é séria, e não podemos simplesmente fazer vistas grossas e o tolerar.

Nessa passagem, Deus está dizendo a seu povo que se um dos líderes agisse com soberba, devia ser morto. Como líderes, o que quer que façamos estaremos dizendo aos outros, por meio de nossas ações, que está certo fazer o que fazemos. Mas Deus está nos dizendo: "Se houver um líder soberbo entre vocês, não deixa­rei que permaneça com a soberba porque, se eu permitir, todos pensarão que está correto agir da forma que ele age".

É exatamente por isso que devemos manter uma atitude cor­reta no coração se quisermos que Deus continue a nos usar. Há uma grande responsabilidade na liderança. O ministério não con­siste apenas em ficar de pé diante das pessoas e exercer os dons espirituais. Nossa vida precisa ser correta nos bastidores também. Devemos sempre nos guardar da soberba.

A soberba causa atitude de desrespeito e rebelião à autorida­de. Uma pessoa presunçosa acha que não deve ouvir aqueles que foram colocados como autoridade sobre ela. O dicionário define presunção como "ato de fazer algo sem uma permissão positiva; arrogância; ousadia irracional".13 Os soberbos falam quando de­veriam se calar. Tentam dar orientação àqueles de quem deveriam recebê-la. Dão ordens, quando deveriam recebê-las. Agem sem pedir permissão.

A soberba é um grande problema. Ela se origina de um cora­ção que não é reto, como lemos em 2 Pedro 2.10-11: Especialmente daqueles que, seguindo a carne, andam em imundas paixões e menosprezam qualquer governo. Atrevidos [criaturas obstinadas que amam somente a si], arrogantes, não temem difamar autoridades superiores, ao passo que anjos, embora maiores em força e poder, não proferem contra elas juízo infamante na presença do Senhor.

Deus não quer a soberba. Ele quer humildade.

 

7. Um coração hipócrita

Portanto, és indesculpável, ó homem, quando julgas, quem quer que sejas;

porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas; pois praticas

as próprias coisas que condenas.

Romanos 2.1.

 

Qualquer pessoa que julga e condena outra por fazer as mes­mas coisas que ela faz certamente está enganada. Ainda assim, até certo ponto, todos fazemos isso. Temos a tendência de nos ver­mos através de lentes cor-de-rosa, enquanto olhamos para os ou­tros com lente de aumento. Inventamos desculpas por nossos er­ros e má conduta, enquanto achamos que os outros que fazem as mesmas coisas que nós merecem condenação. Esse tipo de atitu­de do coração é hipócrita.

Uma pessoa hipócrita é falsa. Aparentemente faz o bem, mas o coração não é reto para com Deus. Há pessoas que cometem erros tolos, mas, ainda assim, Deus as usa. E Ele o faz, apesar de seus erros humanos, porque elas têm um coração reto. É isso que Ele quer dizer quando afirma que julgamos pela aparência exterior, mas Ele olha o coração,14 por isso Davi era um homem segundo o coração de Deus. O Filho de Deus, Jesus, também olhou para o coração, e por isso disse aos escribas e fariseus de Sua época:

 

Na cadeira [de autoridade] de Moisés,

se assentaram os escribas e os fariseus.

Fazei e guardai, pois tudo quanto eles vos disserem,

porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem.

Atam fardos pesados [e difíceis de carregar]

e os põem sobre os ombros dos homens; entretanto,

eles mesmos nem com o dedo querem movê-los.

Mateus 23.2-4

 

O que Jesus estava dizendo sobre essas pessoas? Estava di­zendo que o coração delas estava apodrecido:

 

%0